Nota da Direcção: O PÚBLICO e as pressões de Miguel Relvas

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Num telefonema à editora de política do jornal, na quarta-feira, Miguel Relvas ameaçou fazer um blackout noticioso do Governo contra o jornal e divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira, de quem tinha recebido nesses dias um conjunto de perguntas relativas a contradições nas declarações que prestara, no dia anterior, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O PÚBLICO perguntou ao ministro Miguel Relvas se apagara as mensagens electrónicas que recebera do antigo director do SIED, Silva Carvalho. Perguntou também porque é que tinha dito ter recebido um clipping de uma notícia sobre uma viagem de George W. Bush ao México, uma vez que Bush já não era presidente dos Estados Unidos à data em que o ministro dos Assuntos Parlamentares disse ter conhecido Silva Carvalho (depois de 2010). E ainda por que razão Silva Carvalho lhe enviara um SMS com propostas de nomeações para os serviços secretos e qual a data destas mensagens.

Estes factos tinham sido já noticiados na edição impressa do jornal. A informação nova em relação aos factos já conhecidos era apenas uma: o ministro não aceitou responder.

Por isso, a direcção entendeu que não havia matéria publicável e que o trabalho seria continuado no sentido de procurar novos factos. Essa foi também a avaliação de três editores, do online e do papel, sem terem comunicado entre si, antes de o ministro Miguel Relvas ter telefonado à editora de política.

Até hoje nenhuma notícia sobre o caso das secretas deixou de ser publicada e nenhum facto relevante sobre esta matéria deixou de ser do conhecimento dos leitores. O PÚBLICO tem dado ao tema um destaque particular, com inúmeras manchetes.

Foi no seguimento da investigação jornalística do PÚBLICO que o envio de um e-mail e de SMS de Jorge Silva Carvalho, ex-chefe do SIED, foi conhecido, o que resultou na convocação de Miguel Relvas para prestar esclarecimentos no Parlamento.

A posição do PÚBLICO, ao longo dos anos, tem sido a de não reagir ou denunciar publicamente a ameaças ou pressões feitas a jornalistas. Não se trata de desvalorizar essas pressões. Esta prática foi seguida sempre que estivemos sob fortes pressões, como aconteceu recentemente no caso do Sporting. É devido ao debate público entretanto gerado que a Direcção do jornal faz hoje esta nota.

As excepções à regra de não divulgação das pressões apenas devem ser consideradas quando existam violações da lei. A direcção consultou o advogado do jornal, Francisco Teixeira da Mota, que considerou não ser esse o caso.

A Direcção

Notícia actualizada às 23h37, acrescenta pedido de desculpa de Miguel Relvas
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