Manifesto para esquerda livre quer provocar partidos
Entre os signatários do documento, encontram-se os músicos Sérgio Godinho e Vitorino, os professores e sociólogos Boaventura Sousa Santos e Elísio Estanque, a actriz Ana Bola ou os escritores Ana Luísa Amaral e Mário de Carvalho. Dos partidos políticos, assinaram o documento o bloquista Daniel Oliveira ou os socialistas Alfredo Barroso, Ana Gomes e Inês de Medeiros.
O eurodeputado Rui Tavares, a quem coube grande parte da apresentação do Manifesto, sublinhou que o movimento cresceu “sem pedir licença a ninguém”, num momento em que a esquerda e o país têm que se “desentrincheirar”.
José Vítor Malheiros, jornalista e outro dos autores do Manifesto, afirmou que o que está em causa não é a fundação de um novo partido, “mas um movimento de cidadãos que lança uma manifestação, um apelo à discussão”.
"Queremos provocar os partidos à esquerda, interpelá-los, obrigá-los a tomar posição”, frisou Malheiros.
Na mesma linha, Rui Tavares reforçou que “fazer um partido é fácil, difícil é fazer um movimento de libertação”. E acrescentou que “dentro dos partidos em Portugal não há democracia”.
Assinalando um ano de intervenção da troika em Portugal, "14,9% de desemprego" segundo dados revelados ontem pelo INE e "36% de desemprego jovem", Tavares considerou que “a política está num beco sem saída e que a Europa está a empurrar a Grécia para um beco sem saída”, pelo que é necessário procurar alternativas à esquerda. “Este manifesto é demonstração de querer, de uma enorme vontade cívica para uma esquerda mais livre, um Portugal mais igual, uma Europa mais fraterna. Mas também podíamos ter dito três vezes democracia”, afirmou.
Também a socialista Ana Benavente deixou claro que o movimento é plural e que não vê qualquer incompatibilidade com a militância partidária dos subscritores. “Estarmos num partido não nos retira a responsabilidade de intervir”, justificou.
Sublinhando que o Manifesto conta neste momento com cerca de 1350 assinaturas, o eurodeputado anunciou a algumas dezenas de pessoas na plateia que o movimento pretende reunir dia 2 de Junho em Lisboa, englobando entidades organizadas e cidadãos, em lugar ainda não definido.