Cientistas conseguiram prolongar a vida de ratinhos com terapia genética

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Nas extremidades, os cromossomas são protegidos pelos telómeros DR

Os seus resultados acabam de ser publicados na revista EMBO Molecular Medicine, num artigo que tem como primeiro autor o português Bruno Bernardes. Segundo eles, os resultados mostram que a terapia genética que desenvolveram é segura e eficaz nos animais. Os ratinhos tratados quando tinham um ano de idade (adultos) viram a sua longevidade aumentar 24% e os tratados aos dois anos de idade (já na velhice) em 13%.

O tratamento consistiu em inserir (numa única "toma"), nas células dos ratinhos, a bordo de um vírus inócuo, o gene de uma enzima chamada telomerase. A telomerase protege as células do envelhecimento, reparando as extremidades dos cromossomas. Mas de cada vez que uma célula se divide, essas extremidades (chamadas "telómeros") encurtam-se e, a dada altura, perdem a sua funcionalidade, fazendo com que a célula pare de se reproduzir, envelheça e morra.

O gene da telomerase encontra-se apenas activo, em regra geral, nas células embrionárias – com duas excepções, no entanto: nas células estaminais adultas (células “reprogamadas” para se tornarem novamente jovens) e nas células cancerosas. Em ambos estes casos, as células tornam-se imortais e nunca param de proliferar, uma situação que, na cancerização, é obviamente patológica e muitas vezes letal. Daí, aliás, que um dos obstáculos à aplicação de terapias genéticas à base de telomerase para lutar contra o envelhecimento celular tenha sido o risco de desenvolvimento de tumores malignos.

A equipa de Blasco já tinha mostrado, em 2007, que era possível prolongar a vida de ratinhos tratados na fase embrionária sem provocar cancros. E nos ratinhos agora tratados em adultos, o seu estudo, dizem os cientistas, "mostra que é possível desenvolver uma terapia genética anti-envelhecimento à base de telomerase sem fazer aumentar a incidência do cancro”. A produção de telomerase pelas células poderá assim permitir um dia reparar ou adiar os danos que se vão acumulando no ADN devido ao encurtamento dos telómeros.

Para além de uma maior longevidade, os ratinhos tratados também demonstraram uma melhoria substancial da sua saúde, com o tratamento a retardar o aparecimento de doenças relacionadas com a idade, tais como a osteoporose ou a resistência à insulina. Os níveis de coordenação neuromuscular também eram superiores aos de ratinhos não tratados com a mesma idade.

Os cientistas fazem notar que isto não prefigura, pelo menos num futuro próximo, um tratamento contra a velhice, mas é antes uma nova via para estudar potenciais terapias contra patologias associadas a anomalias do comprimento dos telómeros, como certos casos de fibrose pulmonar.

E também para tentar prevenir as doenças ligadas à idade. “O envelhecimento não é actualmente considerado uma doença”, diz Blasco, citada por um comunicado do CNIO. “Mas começa a ser visto cada vez mais como a origem comum de patologias como a resistência à insulina ou as doenças cardiovasculares, cuja incidência aumenta com a idade. Ao tratarmos o envelhecimento celular, poderíamos prevenir estas doenças.”

Notícia actualizada às 20h05. Incluída referência ao investigador português
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