O milagre de Aguero e dos mais de mil milhões de euros do xeque Mansour

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O Manchester City esteve a perder até aos 92 minutos, mas os golos de Dzeko e Aguero valeram a vitória sobre o QPR e o terceiro título ao clube, que não vencia o campeonato há 44 anos. United ainda acreditou

Até ontem, o Manchester City tinha tantos títulos como o Preston North End (1889 e 1890): dois. Agora soma três, os mesmos que o Huddersfield (1924, 1925 e 1926) mas ainda atrás do Sheffield Wednesday (1903, 1904, 1929, 1930). A vitória de ontem sobre o QPR por 3-2, arrancada nos descontos com dois golos que permitiram a reviravolta no marcador, levou os adeptos a recuarem 44 anos, até à altura da última conquista do campeonato.

Foi em 1968. Dick Fosbury revolucionava o salto em altura com a técnica do salto de costas. Foi um ano histórico para o City, que se sagrou campeão e juntou o ceptro ao de 1937, nesse dia 24 de Abril onde ocorreu a primeira invasão de campo dos citizens. Passaram 31 anos, há quase meio século, e a equipa azul-céu chegou a outro título, na última jornada, numa partida com o Newcastle, em St. James Park e em igualdade de pontos com o Manchester United - na altura valeu-lhe a derrota do rival, já que perdia na diferença de golos, o contrário do que aconteceu agora. Foram precisamente os oito golos a mais (93-29) face ao rival de Manchester (89-33) que deram agora a Premier League ao City, depois de terminarem os dois com 89 pontos.

Para chegar a este terceiro título, o City reinventou-se. Há três anos, o então primeiro-ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, saía pela porta dos fundos depois de vencer as acções do clube ao emirado de Abu Dhabi, ao xeque Mansour.

Mansour bin Zayed Al-Nahyan é proprietário do Manchester City desde o dia 1 de Setembro de 2008. Nesse mesmo dia assegurou a contratação de Robinho ao Real Madrid e desde essa tarde gastou mais de 1150 milhões de euros em salários, indemnizações e contratações, conta o diário inglês Telegraph.

"O clube transformou-se da noite para o dia. No início da temporada já tinha ao meu lado Touré, Tévez, Robinho... De repente, o clube tinha todo o dinheiro do mundo para poder contratar e ser ganhador", conta ao El País o antigo jogador dos blues Javier Garrido.

Há um ano venceram a Taça de Inglaterra, agora a Premier League e acabaram com a ditadura do United. Mancini percebeu a dor dos adeptos blues. "Entendo que é muito difícil para eles viver numa cidade onde os nossos vizinhos ganham todos os anos." A estes, Alex Ferguson, o escocês que ontem deu os parabéns ao City mas lembrou que o adversário precisou de um século para atingir o nível do United, chamou noisy neighbours (vizinhos barulhentos).

Final à Hollywood

O City esteve a perder o jogo com o QPR até aos 92 minutos. Marcou primeiro por Zalabeta, aos 39", e parecia ter o título na mão. Mas no segundo tempo a história desenrolou-se como um guião de cinema. Dois golos do QPR (equipa que lutava para não descer de divisão), por Cissé e Mackie (aos 48" e 66"), deram a volta e deixaram os adeptos da equipa da casa em estado de choque.

Mancini lançou Dzeko e Balotelli no jogo e ganhou a aposta. Dzeko fez o empate aos 92 minutos (o árbitro deu 5 minutos de compensação) e Aguero, a passe de Balotelli, marcou aos 95", num remate colocado.

O estádio veio abaixo. Mancini desatou a correr. Os adeptos, muitos em lágrimas, invadiram o relvado logo a seguir ao apito do árbitro, que expulsara Barton, do QPR, aos 55".

No campo do Sunderland, o United foi da euforia à depressão. Rooney colocou os red devils em vantagem aos 20 minutos - golo que valeu o triunfo por 0-1 - e deixou os adeptos de ouvido colado no rádio.

O jogo, que começou à mesma hora do encontro do City, acabou mais cedo (o árbitro deu três minutos de descontos) e os jogadores - tal como Alex Ferguson - ficaram no relvado à espera do final do jogo em Manchester. O golo de Aguero foi um balde de água fria e mandou todos para o balneário. O United via o título fugir-lhe devido à pior diferença de golos para o rival, depois de à 32.ª jornada ter tido uma vantagem de oito pontos (79-71).

Abril foi um mês negro para Ferguson: o treinador dos red devils acumulou um empate e duas derrotas (uma delas com o City). O 13 de Maio, dia em que teve de assistir ao grito de afirmação de Mancini, teve um sabor ainda mais amargo.

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