Nova associação quer divulgar "boas práticas" da reabilitação urbana

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A nova associação parte do Porto, onde há muito por fazer, para pensar a reabilitação nas cidades portuguesas paulo ricca

A recém-criada Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património não fará projectos, mas quer colaborar com todos os parceiros interessados na reabilitação urbana

É nova em folha, mas já tem uma série de planos. A Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património (APRUPP) está a elaborar o seu plano de actividades para 2012. A associação já organizou uma reunião aberta para recolher propostas e sugestões de trabalho para os próximos tempos. O objectivo é "divulgar boas práticas na reabilitação" e ajudar proprietários e técnicos do sector.

A APRUPP, que nasceu a 16 de Abril, é uma associação privada sem fins lucrativos, que quer também colaborar "na preservação do património edificado de interesse histórico", explica a arquitecta Adriana Floret, que, com os engenheiros Esmeralda Paupério e João Paulo Miranda, constitui a comissão instaladora da associação. Numa óptica de partilha de conhecimento, a APRUPP quer estabelecer um diálogo com todas as pessoas interessadas no problema da reabilitação, desde técnicos a associações de moradores ou proprietários.

De acordo com Adriana Floret, a associação não fará projectos, mas estará de portas abertas para partilhar ideias e divulgar boas práticas já em curso na cidade e não só. "O que pretendemos é a divulgação de boas práticas de alguns projectos de reabilitação que já estão a ser feitos, colaborando assim na preservação do edificado. Queremos também tentar perceber o que se tem feito e tentar ajudar, através da criação de grupos de trabalho ou do apoio na formação de técnicos, desenvolvendo workshops que saiam um bocado do âmbito mais teórico das universidades", diz.

Apesar de pretender abranger todo o território nacional, a APRUPP terá como área preferencial de actuação a zona urbana e periurbana do Porto, que apresenta no centro histórico, delimitado pela sociedade de reabilitação urbana Porto Vivo, cidade que tem cerca de 70% de prédios que precisam de obras. Segundo a Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo, a baixa portuense tem 78 imóveis em ruína e 575 em más condições.

Segundo a comissão instaladora, a associação pode, por exemplo, apontar ideias para alguém que esteja a pensar adquirir um prédio no centro histórico para reabilitar, mas que não saiba exactamente o melhor caminho a seguir. Mas também estabelecer pontes de partilha com entidades fora do Porto, em Portugal e no estrangeiro, que possam indicar novas práticas ainda pouco conhecidas na cidade.

Com cerca de um mês de vida, a APRUPP já tem um conjunto de actividades previstas que passam, por exemplo, pela criação de um repositório de informação técnica e científica na área da reabilitação, que estará disponível online e que constituirá uma base de dados das boas práticas na recuperação do património edificado. A promoção de conferências e encontros de discussão periódicos sobre a temática, a realização de oficinas, que permitirão apoiar a formação de técnicos, abordar a evolução das técnicas de reabilitação e estudar casos práticos, com o objectivo de perceber as melhores alternativas para quem trabalha na área são outros projectos em cima da mesa. Todas estas iniciativas, realça João Miranda Guedes, visam "colocar estes assuntos na ordem do dia, promovendo uma maior discussão sobre a reabilitação e protecção do património".

A associação tem ainda como propósito a criação de grupos de trabalho para estudar a legislação relativa à recuperação do património, proporcionando aconselhamento legal aos profissionais da área. A partir dos problemas e obstáculos identificados por estes profissionais, os grupos de trabalho poderão vir a propor alterações à legislação existente.

A 26 de Abril, a associação organizou uma reunião aberta, que serviu para recolher sugestões das cerca de 30 pessoas que se deslocaram ao espaço Maus Hábitos, no Porto. Adriana Floret faz um balanço positivo deste primeiro encontro e garante que a partilha de ideias já começou a dar frutos, com a apresentação de propostas, por parte de participantes na reunião, que cativaram o grupo. Entre elas está um pedido de apoio por parte de uma outra associação constituída por artistas plásticos, que está a braços com a reabilitação de um edifício e a sugestão para que seja criado um repositório de elementos de construção retirados de prédios demolidos, que possam ser reaproveitados. "São boas ideias a que vamos tentar dar seguimento", diz.

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