Brick Lane, no leste de Londres, desenvolve-se ao longo de uma rua que ganha vida própria ao domingo. Os vários mercados ao ar livre são a atracção principal, mas há muito mais para conhecer neste bairro imperdível.
Brick Lane é conhecida localmente como "Banglatown" e capital europeia do caril. É uma zona onde muitos emigrantes da Índia, Bangladesh e Paquistão se foram instalando desde o século XVII e para onde levaram os sabores da sua terra natal. O resultado foi uma fusão de culturas e gastronomia, cada vez mais apreciada pelos londrinos. Daí que o departamento de comida do Sunday Up Market, um dos principais mercados da zona, seja uma das principais razões para visitar Brick Lane.
Assim que se entra na Old Truman Brewery, uma antiga cervejaria gigante de três andares, é impossível ignorar o cheiro que vem das bancas com comida de todo o mundo, a maior parte por menos de oito libras. México, Índia, Tailândia, Sri Lanka ou Espanha... é só escolher.
Na minha opinião, há três coisas imperdíveis em Brick Lane no que toca a comida: o caril, os "bagels" e os "cupcakes". A comida indiana no Sunday Up Market raramente desilude mas cuidado com o picante! O restaurante Aladin Brick Lane (132 Brick Lane), embora seja ligeiramente mais caro, serve o verdadeiro e delicioso frango "tikka masala".
Os famosos "bagels" — um tipo de pão tradicionalmente feito de massa de farinha de trigo fermentada com a forma de anel — são servidos em duas pastelarias vizinhas e rivais: a Beigel Shop e a Beigel Bake. As especialidades são o "bagel" de rosbife com mostarda inglesa e o de salmão fumado com queijo creme. Podem ser apreciados a qualquer hora do dia ou da noite. Para a sobremesa, é impossível resistir a qualquer um dos "cupcakes" da Kooky Bakes (Sunday Up Market) e da Molly Bakes (cuja localização vai variando).
Bansky e Rough Trade
Desde que os mercados de rua se instalaram no antigo epicentro das comunidades bengali, os contornos da região de Brick Lane foram-se transformando. Cada vez mais artistas emergentes passaram a frequentar a zona e a escolher o bairro para exposições e galerias. O local chamou também a atenção de artistas como Banksy e Eine, que exibem o seu trabalho ao ar livre por esta zona fora.
Aconselho uma paragem na loja de discos Rough Trade East (Dray Walk, 91 Brick Lane). Esta é uma espécie de meca para os amantes da música, em que o ambiente não podia ser mais convidativo. Não só encontramos todas as últimas novidades e uma vasta colecção de CD e vinil, como também podemos ainda dar uma vista de olhos pelos livros e passar pela "photomaton", que revela quatro fotografias a preto e branco no momento. Podem-se perder horas nesta loja. Na mesma rua ficam o The Big Chill e o 1001, dois bares que animam a vida nocturna, em que os estilos musicais variam de "chill out" a "house", de "indie rock" a "reggae".
Como é comum em vários mercados londrinos, reinam as lojas "vintage" e de roupa em segunda mão. Recomendam-se a Absolute Vintage (15 Hanbury Street) — considerada pela imprensa como a melhor loja "vintage" da cidade — e a Rokit (107 Brick Lane): dois espaços enormes e com uma ainda maior oferta de sapatos, camisas, vestidos, calças, acessórios. Não muito longe da Rokit fica o The Laden Showroom, que apoia mais de 50 estilistas independentes num único espaço, com boa relação qualidade-preço para quem está em início de carreira. Na rua vende-se de tudo, desde mobília a fruta — é uma descoberta constante.
O melhor dia para visitar Brick Lane é ao domingo de manhã, entre as oito da manhã e as duas da tarde, embora muitas das lojas e restaurantes fiquem abertos até ao fim da tarde. As estações de metro mais próximas são Aldgate East e Liverpool Street.
Pode passar ainda por Spitalfields, um mercado renovado, coberto e com uma experiência de compra diferente: uma mistura de centro comercial com mercado. É um espaço agradável, rodeado de lojas, barraquinhas de antiguidades e restaurantes.
Brick Lane é, acima de tudo, uma grande mistura, ideal para quem gosta de mercados, convívio ao livre e de ser surpreendido.