Alverca, Montijo e Sintra disputam aeroporto low-cost

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Portela está saturada

Questão da poluição sonora e atmosférica é desvalorizada perante expectativas de desenvolvimento local

A construção de um aeroporto complementar à Portela de Sacavém, em Lisboa, está a gerar expectativas e concorrência nas zonas próximas das pistas de Alverca, Montijo e Sintra, que anseiam pela criação de empresas e empregos.

Depois do chumbo de Alcochete, a escolha do local para o novo aeroporto low-cost deve recair numa daquelas três localidades, onde já existem pistas de uso militar, numa decisão política que deverá ser tomada no final do mês. Está em aberto a transferência da base da companhia Easyjet.

Os presidentes das juntas de freguesia onde aquelas pistas estão instaladas concordam com a necessidade de uma pista complementar e são unânimes nos elogios às suas terras, como localização para o novo aeroporto. "É uma mais-valia para a cidade e para o concelho de Vila Franca de Xira. Criará postos de trabalho e será essencial para o desenvolvimento económico e financeiro da região. A pista [do Depósito Geral de Material da Força Aérea] está localizada perto da cidade e junto da OGMA [Indústria Aeronáutica de Portugal], que poderá dar apoio às companhias aéreas que se venham aqui instalar", disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Alverca, Afonso Costa. José Francisco dos Santos, da freguesia do Montijo, apresenta argumentos semelhantes: "É extremamente importante para o desenvolvimento económico do distrito [Setúbal], principalmente dos concelhos do Montijo e de Alcochete".

A Base Aérea n.º 1, em Pero Pinheiro, Sintra, é a outra hipótese e o seu presidente de junta, José Vistas, também argumenta a favor da sua terra. "Atrás do aeroporto vinham muitas outras empresas instalar-se aqui na nossa zona. Seria uma grande mais-valia, pois a freguesia está a atravessar uma fase muito grave em termos de empregos". Moradores e comerciantes estão em sintonia com os respectivos presidentes de junta e concordam que, num momento de crise como aquele que o país atravessa, a abertura de uma pista para voos low-cost seria o melhor que podia acontecer. "Espero e acredito que venha para Sintra. Até era mais económico, não tinha de se pagar portagens", afirma José Santos, de 50 anos, barbeiro em Pero Pinheiro há mais de três décadas. Opinião semelhante tem o morador Luís Corredoura, de 64 anos: "Seria um impulso enormíssimo para a economia local e para toda a região. Se o novo aeroporto vier a ser instalado, daqui a 20 ou 30 anos, em Alcochete, este pequeno aeroporto deve fixar-se em Sintra. Será interessantíssimo também para os concelhos limítrofes ligados ao turismo, como Mafra e Cascais, e até para a indústria".

Já em Alverca há quem não acredite, até porque a actual pista está em zona protegida e muito próxima da cidade. "Com certeza que irá haver mais confusão e mais barulho. Mas praticamente todos os meus clientes são a favor, apesar de haver quem esteja contra devido às escolas. Acho que o aeroporto não vem para Alverca, embora gostasse de o ter cá por causa do negócio. Está mais virado para o Montijo e isto não passa de uma estratégia", lamenta António Monteiro, dono de um restaurante próximo da base de Alverca.

Quem reside na Margem Sul espera que, desta vez, o Governo decida investir na região, depois das promessas de Rio Frio e Alcochete."Receberemos a companhia aérea de braços abertos [na Base Aérea n.º 6], apesar de entendermos que deveria ser instalada no Campo de Tiro de Alcochete, aproveitando os estudos feitos para aquela zona, no âmbito do novo aeroporto que já não vai avançar", resume o presidente da junta.

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