Cavalos foram domesticados nas estepes entre a Ucrânia e o Cazaquistão
Há um número de incógnitas acerca da domesticação do cavalo. “A questão chave sobre a domesticação dos cavalos continuava por se responder: se foi feita num pequeno número de áreas definidas geograficamente, ou se um certo número de populações selvagens [de cavalos] foram domesticadas independentemente”, explica o artigo de Vera Warmuth, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e outros colegas.
Um dos dados que baralhava os cientistas é haver muitas linhagens de éguas espalhadas por várias áreas, que pareciam apontar para a última hipótese. A equipa de Cambridge analisou amostras de pêlo de 300 cavalos, recolhidas desde a Hungria até ao extremo Leste da Ásia. Com o conhecimento arqueológico existente, a equipa aplicou vários cenários possíveis quer em relação ao aparecimento dos cavalos selvagens no continente euroasiático, quer em relação à área mais provável onde os primeiros equídeos foram domesticados.
O extinto cavalo selvagem, ou Equus ferus, surgiu na América. Os vestígios mais antigos são de há 200.00 anos, neste continente. A espécie atravessou o Estreito de Bering e, segundo as conclusões destes autores, estabeleceu-se no Leste asiático há 160.000 anos.
Os cenários que a equipa aplicou deram sempre como mais provável que o homem o terá domesticado há cerca de 5500 anos, nas estepes entre o Nordeste do Cazaquistão e a Ucrânia. “A nossa investigação mostra claramente que a população fundadora de cavalos domésticos estabeleceu-se na parte Oeste das estepes euroasiáticas, uma área onde já foram descobertas provas arqueológicas desta domesticação”, disse Vera Warmeth, em comunicado.
Os cientistas também propõem uma explicação para as múltiplas linhagens de fêmeas. “A distribuição dos cavalos domésticos foi diferente da de muitas outras espécies animais, já que as manadas aumentaram com a introdução local de cavalos selvagens numa escala sem precedentes. Se estes fenómenos de repovoamento foram feitos maioritariamente com éguas, podemos explicar o grande número de linhagens de fêmeas no pool genético dos cavalos sem ter de evocar diversas origens de domesticação”, explica a investigadora.
Segundo os autores, a domesticação dos machos seria muito mais difícil, por terem um comportamento mais agressivo do que as éguas. Por isso, a diversidade genética do cromossoma Y nas populações de cavalos domésticos actuais é reduzida.