O primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho esteve, recentemente, em Maputo para “entregar” os 15 por cento da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), para “abrir corredores à internacionalização das empresas portuguesas e flexibilizar os vistos de trabalho para Moçambique”. É que, segundo noticiaram os principais jornais locais, Moçambique “apertou” a concessão de vistos a Portugal e o chefe do Governo Português “quer abrir portas ao investimento e à mão-de-obra portuguesa, que vem a Moçambique em peso, nos últimos anos, fugindo da crise financeira internacional”.
Na verdade, a política de migração moçambicana tem sido revista no sentido de aumentar o custo dos vistos e de dificultar o acesso ao Documento de Identificação dos Residentes Estrangeiros – DIRE. No entanto, a representação diplomática defende que o país não tem o objectivo de retrair a imigração.
O certo é que ser turista português em Maputo é, de facto, uma coisa engraçada: se, no ponto de partida, dão o benefício da dúvida – “vais em trabalho ou em férias?”; no ponto de chegada partem logo do princípio que se vai para trabalhar ou, pelo menos, para “apalpar terreno”. O benefício da dúvida surgirá antes quanto à origem: sul-africana ou brasileira? (se a fisionomia afastar a hipótese da origem chinesa.)
Efectivamente, vêem-se alguns portugueses em Maputo, com idades a partir dos vinte e poucos anos, nas mais diversas áreas de actividade: Comunicação, Publicidade, Engenharia, Contabilidade, Consultoria, Educação e até Medicina. Alguns destes encontram-se lá devido ao Programa INOV, projecto que visa apoiar a formação de jovens com qualificação superior em contexto internacional.
Para os jovens e menos jovens, que efectivamente viajem para Moçambique com ambições laborais ou de investimento, fica o humilde conselho de procurarem conhecer bem as políticas e a economia do país, que não reflectem, de todo, as respectivas potencialidades…
Importa saber, por exemplo, que o Presidente Guebuza juntou-se à FRELIMO em 1963, pouco após o início da Guerra da Independência de Moçambique, na então “Lourenço Marques”. No Governo de Transição (1974-1975), Guebuza ocupou a pasta da Administração Interna, mas foi como ministro do Interior que emitiu a ordem conhecida como "24 20" que dava a todos os residentes portugueses 24 horas para deixar o país, não lhes sendo permitido levar consigo mais do que 20 quilos de bagagem…
Volvidos quase 30 anos, em 2 de Fevereiro de 2005, Armando Guebuza tornou-se o terceiro Presidente da República de Moçambique, tendo sido reeleito para um novo mandato em 28 de Outubro de 2009, com 75 por cento dos votos.
Last but not least, importa querer conhecer os costumes e feitios das gentes moçambicanas, como que em busca da própria identidade: “Preciso ser um outro para ser eu mesmo” (Mia Couto).