As vantagens de plantar alfazema, alecrim, giestas ou medronheiros

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Aproveite os passeios pelo campo - observe, toque e cheire. No regresso, venha com algumas sementes no bolso e ramos para fazer estacas. Trazer a natureza para o jardim, através do uso de plantas autóctones portuguesas, promove abiodiversidade e a sustentabilidade.

Nos últimos anos nota-se cada vez mais um saudável crescimento de uma das tendências mais sustentáveis da jardinagem: a utilização de espécies da flora autóctone - plantas características de um determinado local/região - nos jardins, tanto nos privados como nos públicos. É uma solução mais sustentável pois permite poupar água e fertilizantes, porque estas são plantas mais resistentes (rústicas).

Que plantas utilizar? Da rica flora portuguesa com interesse ornamental na flora portuguesa, mencionaremos apenas, a título de exemplo, alguns arbustos perenes. Destaquem-se os tomilhos, alfazemas, alecrim, salvias, madressilvas, na família das Labiadas, que à sua beleza e floração, juntam o seu incomparável aroma. De uma outra família, a das Cistáceas, as agrestes estevas, sarguaços e roselhas, de floração intensa, branca ou rosa que, à saída do Inverno, formam maciços um tanto desalinhados. Outro grupo é o das urzes, com uma abundante floração branca, rosa ou roxa, mas a sua utilização em jardinagem depende das características do solo - preferem solos ácidos. Refiram-se ainda a pascoinha, a giesta, o piorno, a aroeira, o medronheiro, o folhado ou a murta, de grande rusticidade e beleza, utilizadas na reprodução de paisagens serranas.

Quais as vantagens da utilização da flora autóctone em jardinagem? Para além do seu valor ornamental, são muito resistentes a condições climáticas adversas e a ataques de pragas e doenças (defendendo-se dos seus inimigos naturais pelas próprias essências exaladas). E têm a capacidade de revestir rapidamente o solo, progando-se facilmente. Dispensam, em suma, cuidados continuados de manutenção. Em regiões de clima mais quente e seco (como o português), estas plantas são mais resistentes à seca, possibilitando um aumento significativo das áreas ajardinadas sem gastos excessivos de água. Isso é difícil de conseguir quando se utilizam plantas exóticas, que são mais exigentes na rega e, muitas vezes, têm uma difícil adaptação ao clima português e seus verões quentes e secos e invernos moderadamente frios e chuvosos.

Como utilizar as plantas no jardim? A observação da natureza fornece-nos pistas das combinações que podemos fazer, reproduzindo no jardim algo do campo que nos rodeia. Ainda que algumas espécies possam resultar em grandes exemplares, plantados isoladamente, o normal é que formem moitas mais ou menos compactas que se plantam em grupos, proporcionando um colorido espectacular com a sua floração colorida. Poderá melhorar-se o seu efeito visual acrescentando pedras e rochas ao jardim. Algumas espécies são também adequadas para vasos e floreiras.

Como obter as plantas? Em centros de jardinagem ou fazendo as suas próprias plantas, a partir de sementes e estacas recolhidas de plantas existentes no campo.

Como ter um prado natural? Recolha no campo as sementes, após as plantas florirem e frutificarem. Guarde-as em local seco. Semeie à saída do Inverno, directamente no solo ou em tabuleiros, transplantando as jovens plantas depois para o local definitivo, de preferência no princípio da Primavera.

Como multiplicar os arbustos? Pode recorrer a sementeira, enraizamento de estacas ou, em casos excepcionais (sem pôr em risco a continuação da espécie no local), arranque plantas jovens no campo, procurando não danificar a raiz e conservando o torrão que as acompanha. Preferencialmente, utilize pedaços de ramos para fazer estacas, com cerca de 5-10 cm, e pelo menos 2-3 nós.

Margarida Costa é engenheira hortofrutícola, arquitecta paisagista e da Associação Portuguesa de Horticultura

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