Acusado de terrorismo, Breivik diz que o tribunal deve absolvê-lo ou então condená-lo à morte

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Breivik não quer ser "ridicularizado"

Arguido irritou-se com estratégia de descredibilização da acusação e exigiu não ser ridicularizado

Para Anders Behring Breivik, o terrorista norueguês responsável por 77 mortes em ataques em Oslo e na ilha de Utoya, em Julho de 2011, só deveria haver dois desfechos possíveis para o seu processo judicial: ou a absolvição ou a condenação à pena de morte. Qualquer outra sentença, disse ontem ao tribunal, só pode ser entendida como "patética".

A sua acusação por "actos terroristas" carrega a pena máxima aplicável na Noruega: 21 anos de cadeia, ou o internamento numa instituição psiquiátrica, se for considerado demente. Cumprido o prazo, pode ser solicitado o prolongamento da prisão, sob o argumento de que a sua libertação acarreta um perigo para a sociedade. Breivik preferia a pena capital: "Não desejo ser executado, mas respeitaria que essa fosse a decisão."

"Se temesse a morte, jamais teria tido coragem de executar esta operação", explicou, referindo-se à bomba que fez explodir junto do gabinete dos serviços do primeiro-ministro, na capital norueguesa, e ao massacre dos participantes no campo de Verão do Partido Trabalhista. A dedicação e entrega ao martírio, acrescentou, foi uma lição que aprendeu ao observar a Al-Qaeda.

No entanto, Breivik esclareceu que, apesar de elogiar a sua organização, o grupo terrorista islâmico de Osama bin Laden nunca foi uma referência para ele. Também rejeitou o extremismo de direita sublimado pelo nazismo, que considerou "ultrapassado". "Os nazis eram expansionistas, eu sou isolacionista", comparou.

A sua inspiração, confessou, foram os movimentos nacionalistas sérvios. Em particular, houve um "herói de guerra no exílio", que disse ter conhecido na Libéria em 2002, cuja "mentalidade de cruzado" o impressionou. Referia-se, presumivelmente, ao comando paramilitar Milorad Ulemek, condenado em 2005 pelo assassínio do primeiro-ministro Zoran Djindjic. Através do seu advogado, Ulemek desmentiu conhecer o norueguês.

No terceiro dia de julgamento, o arguido deu mostras de irritação e impaciência com o interrogatório, chegando mesmo a exigir que não fosse "ridicularizado" pela acusação. "Vocês decidiram por uma estratégia de deslegitimização para pôr em causa a minha credibilidade, mas não pensem que vos vou facilitar a vida", reagiu.

Frequentemente, recusou-se a responder às perguntas, a fornecer pormenores ou confirmar a identidade de contactos que reclamara anteriormente. "Não é do meu interesse divulgar informação que pode levar a detenções" refugiou-se.

Os procuradores pressionaram para obter informação sobre o grupo dos Cavaleiros Templários, em nome do qual Breivik disse ter executado os ataques. A tese apresentada pela acusação é de que essa organização nacionalista não existe. "O grupo consiste em células independentes. Não tenho culpa que a polícia não consiga fazer o seu trabalho e descobri-las", refutou o arguido, que não disse quem são os outros três fundadores dessa rede, alegadamente constituída em Londres em 2002. Quando a procuradora Inga Bejer Engh quis saber se existia uma ameaça para a sociedade norueguesa, Breivik respondeu que sim. "Há duas células prontas a atacar", garantiu.

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