É bom saber que há quem não fique à espera dos subsídios e dos concursos para que as coisas aconteçam, e que as leve para a frente como o fez Sérgio Graciano com Assim Assim, que alarga a sua curta para uma longa-metragem em modo de comédia romântica de costumes sobre uma série de lisboetas que se cruzam pelas noites da cidade. Mas não chega ter vontade de cinema e conseguir reunir um elenco invejável quando se cai num equívoco infelizmente generalizado: a ideia de que fazer cinema “comercial” ou cinema “para o grande público” é dar-lhes televisão ampliada para grande ecrã. Porque é isso que Assim Assim é: um objecto televisivo nas suas ambições, formas e estéticas, que nunca sai de uma modorra formal pouco estimulante de campos/contracampos, que sugere uma sequência de curtas-metragens cujo fio condutor é inexistente, que não consegue sequer articular um discurso narrativo que transcenda o episódio caricatural, que se reduz a uma série de conversas de café desenvoltas mas banais cujas personagens nunca passam do boneco sem espessura, do lugar-comum de telenovela ou de sitcom. Numa altura em que tanto se debate o futuro do cinema português, o equívoco em que se afunda o apreciável voluntarismo de Assim Assim acaba por prestar um mau serviço a todos.
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