Barreiro quer ter cinco praias próprias para banhos em 2015

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Praias do Barreiro estão interditas há quase uma década mas a autarquia quer recuperar a sua classificação como zona balnear Rui Gaudêncio

A campanha de recolha de amostras começa em Maio e o delegado de saúde do Barreiro, Mário Durval, acredita que os resultados vão ser diferentes dos que foram registados em 2011. “No ano passado fizemos análises e a água ainda não estava em condições. Acredito que este ano os resultados vão ser diferentes”, diz o responsável pela saúde pública no concelho.

De acordo com o ministério do Ambiente, a praia de Alburrica está “em estudo” desde 2011 com o objectivo de classificar a zona como balnear. Caso os resultados da monitorização em curso o justifiquem, a Administração de Região Hidrográfica do Tejo (entretanto integrada na nova Agência Portuguesa do Ambiente e da Água) admite a possibilidade de alargar a área em estudo.

A Câmara do Barreiro quer estender essa possibilidade às praias de Barra-a-Barra, Copacabana, Palhais e Ponta do Mexilhoeiro. Segundo o delegado de saúde, a campanha de amostragem já engloba os cinco locais, embora só um esteja oficialmente na “corrida” pela classificação.

Para ser levantada a interdição e ser aceite a candidatura das praias a zonas balneares é necessário recolher amostras da água do Tejo com resultados positivos ao longo de três anos consecutivos. Assim, na melhor das hipóteses só em 2015 será possível obter a classificação.

As praias fluviais do Barreiro estão interditas há “sete ou oito anos”, segundo Mário Durval. Mas nem por isso os banhistas deixaram de as frequentar – sobretudo a praia de Alburrica e a Ponta do Mexilhoeiro. No Verão é frequente ver pessoas a usufruir do tempo quente naqueles areais e a falta de qualidade da água não afasta as pessoas do rio. “Não podemos ter um polícia atrás de cada pessoa”, sustenta o delegado de saúde.

Ligação à ETAR parada por “dificuldades de tesouraria”

“Quando for concluída a ligação dos esgotos do concelho à ETAR [estação de tratamento de águas residuais] Barreiro/Moita os resultados serão rapidamente melhores”, admite o delegado de saúde.

A ETAR Barreiro/Moita, gerida pela Simarsul, entrou em funcionamento em Fevereiro do ano passado, após um investimento de 17 milhões de euros. No entanto, mais de um ano depois ainda falta ligar à estação o colector da Avenida Bento Gonçalves, na zona ribeirinha do Barreiro.

De acordo com a Simarsul, a obra – que inclui a ligação de tubagens e a pavimentação das ruas – está actualmente parada “por motivos decorrentes de dificuldades de tesouraria”, geradas por “atrasos na liquidação da facturação da empresa”. Esses problemas levaram, em Dezembro, à rescisão do contrato com o empreiteiro responsável pela obra, tendo já sido realizado um novo concurso para adjudicar a conclusão dos trabalhos.

“Uma vez concretizadas as adjudicações, estima-se que, no limite, estejam concluídos até ao final do mês de Junho”, diz o gabinete de comunicação da empresa.

“O Tejo tem um grande volume de água [1900 milhões de metros cúbicos] e as marés são muito vivas. Desde que não se esteja a deitar para lá porcaria, o rio facilmente ficará limpo”, afirma Mário Durval.

Essa é também a expectativa do vereador do ambiente da Câmara do Barreiro, Nuno Banza. “As pessoas têm uma imagem negativa do Barreiro, por causa da poluição e da indústria. Mas hoje o Barreiro já não é assim”, sublinha o autarca, que espera que a conclusão das ligações à ETAR resolva de vez o problema da poluição.

“Temos a melhor varanda sobre Lisboa, com praias muito interessantes de areia branca e águas calmas que no século XVI eram frequentadas pelos elementos da coroa real”, lembra Nuno Banza.

Além das esperanças depositadas na melhoria da qualidade da água do rio, a autarquia conta ter a zona ribeirinha junto à praia de Alburrica reabilitada em 2013. Num investimento de 10,2 milhões de euros, co-financiado pelo QREN, o projecto Repara prevê a requalificação do espaço público e das vias de acesso àquela zona.

“Estamos a executar os projectos e dentro de alguns meses estaremos em condições para lançar os concursos públicos e avançar com as obras”, garante o vereador do Planeamento e Gestão Urbanística da Câmara do Barreiro, Rui Lopo.

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