Linha SOS-Estudante dá apoio emocional a quem já não estuda
A ideia inicial era criar uma linha telefónica de apoio emocional e prevenção ao suicídio, dirigida aos estudantes, mas hoje já não são estes, nem os de Coimbra, a procurar o “ouvido disponível” dos jovens voluntários, revela Joana Paiva, presidente e aluna de Psicologia.
“Nunca se restringiram os acessos. Sempre divulgámos os números de telefone e o seu horário, e o que acontece hoje em dia é que a maior parte das pessoas que nos liga não são estudantes, nem são da faixa etária habitual dos estudantes, são mais velhas, em média entre os 18 e os 35 anos, e maioritariamente do sexo masculino”, explicou.
Com o estatuto de secção cultural da Associação Académica de Coimbra (AAC), a linha foi fundada a 17 de Abril de 1997, muito por iniciativa do então estudante de Arquitectura Paulo David Carvalho, para dar apoio a colegas que sofriam com a deslocação das suas terras e não se sentiam devidamente integrados na comunidade estudantil.
A motivação era tão forte que chegaram a deslocar-se a Inglaterra, para conhecer a realidade da organização Samaritans, e a buscar apoio em instituições portuguesas e na Universidade de Coimbra, para montar a linha telefónica e formar os primeiros voluntários.
Actualmente, a Linha SOS-Estudante está acessível de segunda a sexta-feira, entre as 20h00 e a 01h00, através dos números 808200204 (número azul) e 969554545, graças à solidariedade de 15 voluntários.
Desde finais de 2011 encontra-se interrompido o habitual atendimento aos fins-de-semana, por diminuição dos voluntários, mas em breve esse período deverá ser retomado com a entrada de novos colaboradores.
Uma das regras deste serviço, além do atendimento anónimo e confidencial, é a preservação do anonimato absoluto dos voluntários, reservando a SOS-Estudante cinco dirigentes para os contactos com a comunidade, aos quais está vedado o apoio a quem pede ajuda telefónica.
Os relacionamentos, o luto, a sexualidade, a solidão são os problemas dominantes de quem procura “um ouvido disponível para escutar, sem qualquer juízo de valor ou juízo moral”, explicou Joana Paiva, há quatro anos voluntária neste projecto.
60 chamadas por mêsOs dados apurados do ano lectivo de 2010/2011 indicam que foram atendidas, em média, 60 chamadas por mês, mas os indicadores apontam para um crescimento dos pedidos desde então, salientou a responsável.
Além do serviço de atendimento, ao longo do ano a Linha SOS-Estudante promove debates e tertúlias sobre os temas que mais são aflorados por quem procura ajuda, a morte, solidão, suicídio, sexualidade.