Três

A energia de "Corre Lola Corre" (1998) tornou Tom Tykwer no símbolo global de um novo cinema alemão, moderno e dinâmico, mas o cineasta não conseguiu repetir a frescura dessa estreia. Deixou-se ultrapassar por uma concorrência mais cerebral e estimulante enquanto flirtava com projectos internacionais mais mainstream como "O Perfume" (2006) ou "A Organização" (2009), sem alma nem personalidade para lá de uma sofisticação visual algo estéril.


Com "3", regressa a Berlim para contar a história de um triângulo amoroso entre três quarentões em crise, com a particularidade do terceiro elemento ser um investigador genético bissexual chamado Adam, o que abre uma intrigante pista narrativa: Adam seria uma “intervenção genética” para curar a ausência de paixão do casamento de Hanna e Simon, uma cura nada mágica para a crise da meia-idade. Mas nem essa sugestão provocante consegue esconder que, na essência, 3 é uma comédia dramática normalíssima escondida pelo embrulho vistoso dos truques virtuosos da câmara irrequieta de Tykwer.

O resultado deixa-se ver sem fricção, mas esgota-se nesse movimento inquieto que tenta reinventar a roda do triângulo amoroso sem grande sucesso.

Sugerir correcção
Comentar