O criador do Instagram acabou o curso, deu uma nega a Zuckerberg e estagiou no Twitter
Mas agora há um novo tipo na cidade, candidato a um lugar no olimpo dos deuses da tecnologia, e cujo passado desafia a ideia do geniozinho que nasceu para ser um empreendedor de sucesso: chama-se Kevin Systrom e acabou de vender a sua criação, o Instagram – a aplicação para telemóveis de partilha de fotografias com filtros profissionais mais popular do momento – por mil milhões de dólares (764 milhões de euros). Isso mesmo. Mil. Milhões. De dólares. O comprador foi o Facebook, a rede social criada por um desses multimilionários que tinham mais que fazer do que prestar atenção ao que os professores diziam.
Os caminhos de Kevin Systrom, Mark Zuckerberg e Jack Dorsey cruzaram-se em meados da década passada, numa altura em que o Facebook dava os primeiros passos e o Twitter era ainda uma incógnita em 140 caracteres.
Em 2004, um ainda adolescente e ainda estudante universitário Mark Zuckerberg mostrava-se interessado por uma aplicação chamada Photobox, desenvolvida por um outro aluno da Universidade de Stanford chamado Kevin Systrom. "Eu notei que havia um problema: na universidade, muitas pessoas tiravam fotografias e enviavam enormes ficheiros Zip através da rede de correio electrónico de Stanford. Isso não fazia sentido: deveríamos ter um sítio em que toda a gente poderia pôr as suas fotos e descarregar as que quisesse”, recordou Kevin Systrom, em declarações ao site da revista de tecnologia e design Fast Company.
Systrom recordou que Zuckerberg foi directo ao assunto: “Quando me encontrei com o Adam [D’Angelo] e o Mark [Zuckerberg], eles perguntaram-me: ‘Nós também estamos a trabalhar numa cena sobre fotografias, não queres falar connosco sobre o Facebook?’”
A ideia parecia aliciante, mas a personalidade mais cautelosa de Kevin Systrom entrou em cena. Hoje em dia, olhando para trás, o novo milionário da tecnologia admite sentir alguma mágoa: “Infelizmente decidi que queria continuar a estudar. É uma daquelas decisões que me fazem olhar para trás. Adorava ter feito parte do crescimento do Facebook, mas eu tinha acabado de conhecer aqueles tipos”.
Depois de ter dado uma nega a Mark Zuckerberg, Systrom foi estagiar três meses para uma startup chamada Odeo, em 2006, onde um jovem chamado Jack Dorsey não deixava de pensar numa forma de pôr meio mundo em contacto através de 140 caracteres – Kevin Systrom acabou por fazer parte do nascimento do Twitter e é mesmo um dos poucos utilizadores que usa o seu nome próprio (@Kevin).
Mas nem o interesse de Zuckerberg, nem o estágio com Dorsey parecem ter feito despertar o jovem empreendedor que havia em Kevin Systrom. Depois da cobiça do Facebook e da passagem pelo Twitter, Systrom trabalharia ainda alguns anos na Google, antes de lançar o Instagram com o brasileiro Mike Krieger, em 2010.
Apesar de tudo – principalmente depois do anúncio da compra da empresa por mil milhões de dólares –, Systrom faz um balanço positivo das escolhas que foi fazendo ao longo da sua vida: “Toda a gente tem uma história sobre o facto de ter tido a oportunidade de trabalhar na empresa X, Y ou Z. Em Stanford, tive a oportunidade de acompanhar muitas inovações e de conhecer algumas das pessoas mais inteligentes, que estavam a desenvolver as coisas mais incríveis. Quando finalmente eu próprio consegui fazer uma dessas coisas, senti que fazia todo o sentido”, cita a Fast Company.
A empresa que desenvolve a aplicação Instagram foi comprada pelo Facebook por mil milhões de dólares (em comparação, a Yahoo pagou 35 milhões de dólares pelo Flickr, em Março de 2005). A notícia foi avançada pelo próprio Mark Zuckerber, na segunda-feira, numa mensagem publicada na sua página. “Estou entusiasmado por partilhar a notícia de que chegámos a acordo para comprar o Instagram e que a sua equipa vai fazer parte do Facebook”, escreveu Zuckerberg. O patrão do Facebook garante que a ideia é desenvolver a aplicação de fotografias como uma aplicação independente e não integrá-la na rede social, mantendo todas as suas características actuais, incluindo a possibilidade de partilha de imagens com outros serviços como o Tumbrl ou o Twitter, por exemplo.