Os livros académicos podem ser caros, estar esgotados nas livrarias ou mesmo já não ser produzidos. O projecto "Livros de Ontem" vem oferecer uma alternativa aos estudantes. João Batista, 19 anos, conta que o objectivo da iniciativa é “oferecer aos estudantes os livros obrigatórios de que necessitam a um preço que consigam pagar”.
O projecto começou a ganhar forma quando João “tropeçou” numa entrevista dos criadores do PPL, uma plataforma online de "crowdfunding", na qual os utilizadores podem contribuir com um montante, a partir de cinco euros, para a realização dos projectos apresentados. No caso do “Livros de Ontem”, a quantia estipulada foi de 1500 euros e a proposta agradou aos utilizadores, que doaram um total de 1538 euros, destinado à aquisição de livros e iniciativas de divulgação.
Embora incida sobretudo no âmbito de estudo dos mentores, as Ciências Sociais, o “Livros de Ontem” pretende alargar o âmbito do seu trabalho aos “livros clássicos, de novos autores” e a títulos académicos de outras áreas.
Oportunidade para estudantes mais velhos
O valor pelo qual os livros são adquiridos, "o estado de conservação e a pertinência no assunto que abordam” determinam a atribuição de um preço de venda ao público, que a equipa do “Livros de Ontem” procura que seja metade daquele que se pratica no mercado.
João considera que o factor diferenciador do projecto reside na forma de actuar. “Nós adquirimos o produto na hora. Num outro site, o vendedor coloca o seu produto à venda e só é vendido caso haja um comprador que tenha interesse. Ou seja, nós assumimos o risco completo”, explica. A intenção é dar aos estudantes mais velhos a possibilidade de “conseguirem de imediato algum dinheiro”.
Além de promover a partilha de conhecimento a baixo custo, a “Livros de Ontem” preocupa-se com a projecção dos novos autores. Com esse objectivo, João Batista, Keti Angelova e Alice Martins contactaram a Bubok. “Estabelecemos uma parceria em que eles ficarão com a responsabilidade da execução gráfica, a impressão e a parte legal, e nós seremos uma espécie de agência que irá descobrir os novos autores”, conta o estudante ao p3.
As dificuldades que enfrentou na publicação do seu livro, “O Grito de Quem Chora Lágrimas Azuis”, sensibilizaram o jovem que achou estar “na altura de criar algo que desse apoio aos novos autores.”
Neste momento, os três estudantes estão igualmente empenhados em fundar a APNA, a (futura) Associação Portuguesa de Novos Autores, que visa um “mecanismo de captação mais eficaz.”