Arquitecto Paulo Moreira vence Prémio Távora

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Paulo Moreira esteve um mês num musseque em Luanda DR

O projecto de passar um mês a estudar no terreno a Chicala, um dos musseques do centro de Luanda, com o objectivo de reflectir sobre o desenvolvimento pós-colonial da capital angolana, valeu ao arquitecto portuense Paulo Moreira (n. 1980) o 7º Prémio Távora, entregue esta noite numa sessão no salão nobre da Câmara Municipal de Matosinhos – que patrocina esta iniciativa da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OA/SRN).

O júri desta edição do prémio – uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros –, foi presidido pelo historiador José Mattoso, e integrou também o arquitecto e urbanista Walter Rossa – que foi convidado a fazer em Matosinhos uma conferência sobre o tema “Himalayan Express: a pedagogia da viagem” –, os arquitectos Ricardo Vieira de Melo (em nome da Casa da Arquitectura) e Nuno Grande (OA/SRN), além do engenheiro António Ferrão (representando a família de Fernando Távora).

O júri elogiou na proposta de Paulo Moreira a preocupação de “recuperar a importância da função social do arquitecto”. E associou essa marca à tradição da Escola do Porto e, em particular, ao levantamento que o patrono do prémio, Fernando Távora, realizou na Área Urbana da Ribeira-Barredo e nas chamadas “ilhas” da cidade, bem como o projecto SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), lançado logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.

A proposta de Paulo Moreira, intitulada “Exploratório Urbano da Chicala: Um percurso alternativo pela topografia pós-colonial de Luanda, Angola”, continua o júri, “prolonga, para um novo contexto geográfico, e para uma nova realidade social, esse papel pró-activo do arquitecto” na procura de um envolvimento com a população autóctone e com as instituições locais.

Paulo Moreira é licenciado pela Faculdade de Arquitectura do Porto (2005), mestre pela London Metropolitan University (2009), e está a fazer o doutoramento na Faculty of Architecture and Spatial Design da universidade londrina. Estagiou com Herzog & de Meuron, em Basileia, e também no atelier b720, em Barcelona. Em 2009, foi distinguido com o Noel Hill Travel Award, do American Institute of Architects – UK Chapter. Tem leccionado, como convidado, em escolas de Arquitectura do Porto, Lausanne, Londres e Angola.

Recentemente, apresentou no Porto a exposição “A Chicala não é um bairro pequeno”, a que associou o lançamento de um livro sobre o tema, que esteve, de resto, na origem da proposta com que concorreu ao Prémio Távora.

Com a bolsa conquistada, Paulo Moreira vai regressar a Angola e passar cerca de um mês, entre Abril e Maio, no musseque da Chicala, onde vai procurar adaptar à realidade social local os materiais produzidos num workshop de Arquitecura Social, realizado no Verão passado. O seu trabalho contará com o apoio da Faculty of Architecture and Spatial Design da Universidade de Londres e também de instituições académicas angolanas.

Para a sétima edição do Prémio Távora, a OA/SRN recebeu 31 candidaturas, número que o júri “enalteceu” e cuja qualidade elogiou na generalidade. 

O vencedor, Paulo Moreira, vai apresentar o resultado da sua viagem e estadia em Luanda numa conferência a 1 de Outubro, Dia Mundial da Arquitectura, como habitualmente, no salão nobre da Câmara Municipal de Matosinhos.

Nas edições anteriores, os distinguidos com o Prémio Távora, lançado em 2005, foram os arquitectos Nelson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça e Marta Pedro. 

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