TVI deixa painel da GfK com apoio da RTP e críticas da SIC
Problemas no novo sistema de audiências provocam perda de confiança dos anunciantes, diz a TVI, que admite voltar à Marktest
O termo "guerra de audiências" estendeu-se agora verdadeiramente ao sistema que mede o consumo de televisão em Portugal. A TVI anunciou ontem que deixa de reconhecer a validade dos dados produzidos pelo painel de medições da empresa GfK, o mesmo que vinha sendo fortemente contestado pela RTP desde o início deste mês.
Por isso, esta depressa se colocou ao lado do canal da Media Capital, através de um comunicado divulgado ontem: "A RTP irá falar com a TVI e com todos os operadores do mercado que partilhem desta necessidade de se encontrar um sistema fiável e credível de medição das audiências televisivas em Portugal, para construir essa solução".
Apesar dos sucessivos alertas feitos à GfK, as mudanças no painel de audimetria "não corrigiram as fragilidades apontadas". "As repetidas incorrecções, falhas, omissões e problemas registados no último mês lançaram uma dúvida insustentável sobre o mercado de TV em Portugal", diz a TVI, que realça que tanto é líder com dados da GfK como da Marktest, sistema a que admite voltar. Na primeira, no entanto, os valores globais são mais baixos, pelo que fica prejudicada na publicidade.
Do outro lado da barricada estão a SIC e a Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM, que escolheu a GfK e inclui operadores, anunciantes e agências de meios). António Salvador, presidente da GfK, não quis comentar o assunto ao PÚBLICO.
A SIC, que preside agora à CAEM, critica duramente a decisão da TVI, considerando "lamentável" a mudança de opinião da estação de Queluz, que só serve para "descredibilizar o mercado televisivo". A estação de Balsemão lembra que a mudança do sistema de medição de audiências foi provocada pelas críticas da própria TVI à Marktest e que a escolha da GfK se fez por unanimidade dos associados da CAEM. E diz ter legitimidade para criticar porque a SIC Notícias também perdeu a liderança de 11 anos no cabo e isso não a fez "criticar publicamente a GfK ou a CAEM".
A Associação de Anunciantes não compreende a saída da TVI numa "fase tão avançada" e defende que "não é aceitável a existência de dois sistemas de medição de audiências de um mesmo meio no mercado".