O segundo filme de Hugo Vieira da Silva mantém intactas as coordenadas que delimitaram a sua estreia com Body Rice: uma atenção maníaca aos detalhes, a rodagem em planos fluídos, físicos, a sensação de que tudo o que se passa ese mostra é mais coreografado do que narrado, um evidente talento para construir ambientes. Onde naquele filme tudo se diluia num hermetismo vão, num elogio do vazio que se esgotava no seu próprio formalismo, em Swans existe um fio narrativo mais estruturado, sobre um pai e um filho que regressam a Berlim quando a mãe é hospitalizada em estado terminal. Vieira da Silva consegue dar a exacta medida da alienação destas personagens que vivem isoladas do mundo, incapazes de comunicar uns com os outros - e é no modo difuso e etéreo que escolheu para contar a sua história que residem as fraquezas e forças de Swans. O modo como a narrativa se vai transformando numa espécie de fantasmagoria onírica, quase subconsciente, é extraordinariamente sedutor; mas esse lado letárgico arrasta também o filme para um espaço experimental que se deixa cair regularmente na mesma ausência de comunicação que pretende retratar. Sente-se, no entanto, aqui um cineasta em crescimento, e isso é bom.
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