Campus de Braga prejudicado por ficar na fronteira entre PSP e GNR

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O último governador civil de Braga tentou redefinir a fronteira entre as áreas de actuação de PSP e GNR paulo ricca

Estudantes reclamam maior presença das forças de segurança e alertam para aumento da insegurança. Dados das autoridades revelam, contudo, que a criminalidade não aumentou

O facto de o pólo de Braga da Universidade do Minho (UM) se localizar numa zona de fronteira entre as áreas de acção da PSP e da GNR aumenta as dificuldades de policiamento daquela área da cidade.

Os problemas são reconhecidos pelas autoridades e sublinhadas pelos estudantes, que alertam para um clima de insegurança junto ao campus. A falta de policiamento motivou mesmo um abaixo-assinado, que chegará em breve à Assembleia da República.

A expansão de Braga para a zona de Gualtar não foi acompanhada por uma redefinição das áreas de intervenção das polícias. A universidade foi implantada, há cerca de 30 anos, numa zona que era rural e a área de influência de cada uma das forças de autoridade permanece a mesma.

A maior parte do pólo universitário encontra-se na área de intervenção da GNR, mas é nas imediações que se têm registado os maiores problemas. E, aí, a confusão é maior. A PSP tem atribuída a freguesia de S. Vítor, que termina na entrada sul do campus, junto à área de bares e restaurantes. A GNR patrulha a parte norte do pólo, mas, pelo meio, criou-se uma espécie de "zona de ninguém", que não tem solução à vista.

"A nossa atribuição termina sensivelmente na zona da rotunda que dá acesso à universidade", afirma a comissária Ana Margarida Santos, da PSP. A confusão é reconhecida pelas próprias autoridades, que não têm noção dos limites exactos da sua área de acção. O último governador civil de Braga, Fernando Moniz, já tinha identificado este problema durante o seu mandato e chegou a propor uma solução de harmonização. O PÚBLICO contactou o Ministério da Administração Interna (MAI), que se recusou a fazer comentários sobre o caso.

Esta situação de ambiguidade é também sublinhada pelos estudantes da UM, que na semana passada lançaram um petição exigindo mais policiamento na envolvente do campus. Os estudantes defendem mesmo a criação de um posto policial na UM e querem levar o assunto à discussão no plenário da Assembleia da República. "Queremos mais policiamento na zona da UM, porque tem havido muitos assaltos a alunos", defende Isa Meireles, uma das promotoras do abaixo-assinado, que já tem perto de 4000 subscritores.

As forças policiais têm, porém, números diferentes. Em média, PSP e GNR registam cerca de quatro crimes por mês na zona do campus, entre os quais ganham especial relevo o furto em veículos, o furto em residências e as ofensas à integridade física.

Na área de acção da PSP, nos últimos seis meses foram registados 38 crimes, um número descrito pelos responsáveis como "estável". O mesmo acontece na área de acção da GNR, na qual foram registados 26 crimes em cada um dos últimos dois anos. Nos primeiros dois meses e meio de 2012, há cinco ocorrências documentadas. "No que à área da GNR diz respeito, não se regista qualquer aumento", reforçam os responsáveis daquela força de segurança.

A GNR garante que tem sido sua "preocupação diária" direccionar o patrulhamento "com intuitos preventivos" para aquela zona da cidade. Também a PSP de Braga garante que as imediações da UM são "uma zona bastante policiada". "Temos um policiamento praticamente diário", diz Ana Margarida Santos.

A reitoria da UM tem acompanhado o caso de perto e já se reuniu com as polícias, acreditando que a situação "tem-se atenuado no último ano". "Mesmo assim, este é um problema preocupante, porque afecta os alunos", defende o vice-reitor, José Mendes.

A iniciativa dos estudantes da UM motivou reacções dos políticos locais. Na última reunião de câmara, na quinta-feira, o líder da coligação Juntos por Braga, Ricardo Rio, defendeu uma presença mais activa da Polícia Municipal na zona do campus. A ideia foi reforçada nos últimos dias pela Juventude Popular, para quem a autarquia devia construir um posto da Polícia Municipal nas imediações da UM.

O presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, rejeita a ideia e diz que não é possível dar ordens aos agentes municipais para assumirem tarefas "que não lhes dizem respeito". "Qualquer cidadão sabe que a Polícia Municipal não tem competências ao nível da segurança", sublinha o autarca do PS, para quem "o ministro da Administração Interna, que, por sinal, até é de Braga, é que tem de tomar providências".

O MAI foi também questionado na Assembleia da República sobre este problema pelo deputado do PSD Hugo Soares. Num requerimento, o parlamentar eleito por Braga questiona se o ministério "tem conhecimento da necessidade de reforçar o policiamento na envolvente da UM" e quer saber "quais as orientações para tornar mais presente o policiamento" naquela zona da cidade.

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