APOEL é o mais desejado na Champions. E já todos sabem onde é Nicósia
É o primeiro clube cipriota a passar da fase de grupos da Liga dos Campeões. E toda a gente o quer no sorteio dos quartos-de-final
O APOEL vive uma época inesquecível. Pela primeira vez na história, um clube cipriota "sobreviveu" à fase de grupos da Liga dos Campeões. Agora, o mundo já sabe onde é Nicósia. Ou talvez não: já este mês, quando o APOEL afastou o Lyon e entrou no restrito grupo dos oito melhores na Champions, a cadeia norte-americana CNN cometeu uma gaffe. Entrevistava o médio português do APOEL Nuno Morais e, num mapa, mostrava a localização no mapa da capital cipriota. Só que colocou Nicósia na... Sicília.
A caminhada para o reconhecimento internacional começou há oito meses. Ultrapassou duas pré-eliminatórias e um play-off e brilhou na fase de grupos, ao ser primeiro à frente de Zenit de São Petersburgo, FC Porto e Shakhtar Donetsk. Nos oitavos-de-final, fez o Lyon engolir o excesso de confiança. "Tive que pesquisar Nicósia no Google", confessara o brasileiro Ederson, do Lyon, numa declaração reproduzida pelo El País.
Hoje (11h), o APOEL conhece o adversário nos quartos-de-final da Champions. E são o opositor desejado por todos. Num sorteio em que também está o Benfica, Nuno Morais admitiu ao PÚBLICO que não tem preferência. "Qualquer adversário que nos calhe vai ser o favorito. Evitar Barcelona e Real Madrid seria bom, porque são equipas muito fortes. Mas, por outro lado, seria uma prenda para os adeptos verem-nos jogar contra Barça ou Real."
Já Hélio Pinto preferia não defrontar o emblema da Luz: "Todas as equipas são fortes. Não queria defrontar o Benfica, porque isso significaria que um dos clubes teria que ser eliminado", confessou o médio, que passou pela formação dos "encarnados". Hélio Pinto, com Nuno Morais, faz parte do contingente português no emblema cipriota, juntamente com Paulo Jorge e Hélder Sousa. Há ainda três futebolistas brasileiros com passagens por Portugal: Kaká, Marcinho e Manduca.
"As pessoas estão a viver um sonho. Estão muito felizes e orgulhosas por este feito que alcançámos. Durante estes dias, não se fala de outra coisa", explicou Nuno Morais. "Os jornais falam numa proeza enorme feita por esta equipa do APOEL. Os nossos colegas cipriotas estão eufóricos, pois nunca lhes passou pela cabeça alcançarem algo do género", acrescentou Hélio Pinto.
"Temos que colocar a vitória do APOEL em perspectiva", disse o economista Costas Apostolides, citado pelo Cyprus Mail. "Haverá umas 100 reuniões no âmbito da presidência da União Europeia (UE), e digamos que umas 12 mil pessoas vão visitar a ilha a esse propósito. O impacto na economia será de uns cinco milhões de euros. Basicamente, o APOEL é mais importante que a presidência da UE", acrescentou. Chipre assume a presidência rotativa da UE no segundo semestre deste ano.
A campanha histórica que tem protagonizado na Liga dos Campeões já rendeu quase 18 milhões de euros ao APOEL, apenas em prémios de prestação desportiva.
O sector do turismo agradecerá a visibilidade que o APOEL deu à ilha mediterrânica, indica Apostolides: "A publicidade de que Chipre beneficiou não tem preço. O APOEL despertou interesse pela ilha, e esse é o maior benefício".