Esquerda "populista" com maioria absoluta na Eslováquia

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Robert Fico apelou à nostalgia da protecção social comunista
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Robert Fico apelou à nostalgia da protecção social comunista

Robert Fico garante que vai ser um bom parceiro para a UE. Mas não quer reduzir o défice do país à custa dos mais pobres

A esquerda venceu as eleições na Eslováquia, com um antigo primeiro-ministro, Robert Fico, a conseguir uma maioria absoluta e a marcar a primeira vez que um partido pode governar sozinho no país desde a cisão da Checoslováquia em 1993.

Robert Fico celebrou nos ombros dos apoiantes, de Coca-Cola na mão, os 44,4% de votos e 83 deputados num Parlamento de 150 lugares. As sondagens previam uma vitória do Smer, mas não que o partido de esquerda, que os seus críticos (e alguns analistas) apelidam de populista, pudesse governar sozinho.

A magnitude da vitória de Fico causou preocupações de que o Governo eslovaco possa seguir um caminho semelhante ao do executivo húngaro liderado por Vikor Orbán (de direita). Apesar de em lados politicamente opostos, tanto Fico como Órban terão uma tendência para o populismo e para cortar a liberdade de expressão. Enquanto primeiro-ministro (2006-2010), Fico apoiou uma lei patriótica considerada demasiado nacionalista e uma lei de media criticada por colocar muitas restrições à imprensa.

A última vez que esteve no poder, o Smer juntou-se com um partido nacionalista e outro de extrema-direita conhecido pela sua retórica contra a minoria húngara, discurso também partilhado por Fico. E nas eleições de Junho de 2010, quatro partidos de centro-direita uniram-se em coligação, deixando o Smer, que tinha sido o mais votado, de fora.

No discurso de vitória, Fico, que era primeiro-ministro quando Bratislava aderiu ao euro em 2009, apressou-se a apresentar-se como um parceiro fiável para Bruxelas. "A União Europeia pode contar com o Smer", disse. "A Eslováquia, um pequeno país a viver na Europa, deseja manter a zona euro e o euro como uma moeda europeia forte."

A participação de Bratislava no fundo de resgate do euro provocou as eleições antecipadas - um partido ultraliberal da coligação de centro-direita (saída das eleições de 2010) recusou-se a aprovar a contribuição eslovaca. Esta acabou por passar com os votos do Smer, que exigiu eleições antecipadas.

A derrota da coligação de centro-direita nas legislativas de domingo terá a ver sobretudo com um escândalo de corrupção chamado "Gorila", em que gravações colocadas na Internet por um anónimo mostravam como políticos tinham recebido grandes somas de dinheiro para beneficiar uma empresa privada. Um recém-formado partido das "Pessoas Comuns", uma reacção contra a corrupção, obteve 11%.

Mais impostos para ricos

Robert Fico, de 47 anos, que começou na política no Partido Comunista da Checoslováquia dois anos antes da queda da Cortina de Ferro, parece ter agradado ao eleitorado da Eslováquia, que é o segundo país mais pobre da UE (o primeiro é a Estónia), ao elogiar os programas de assistência social da era socialista, comenta a agência Reuters.

Prometeu, por exemplo, não aumentar a idade da reforma das mulheres ("porque elas não merecem", comentou), e continuar o caminho de redução do défice de modo diferente do executivo anterior. "Podemos levar a cabo um programa de um Estado social, um programa de melhoria das finanças públicas que não seja a custo das pessoas com rendimentos baixos e médios", disse. "Queremos aumentar os impostos dos ricos e fortes."

Para já, parece certo que o novo Governo irá acabar com a taxa única de imposto de 19%, prevendo 22% para as empresas e aumentando também a carga fiscal para quem ganha mais de 33 mil euros por mês.

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