CAEM critica Marktest e apoia dados de audiências da GfK

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Luz verde para os testes e arranque oficial da nova medição foi dada por unanimidade do sector

Associação do sector diz que os novos dados da GfK são os "oficiais" e os problemas "normais". Painel ideal só daqui a dois meses

Há erros no novo painel de audimetria da GfK e problemas técnicos no sistema de audio-matching? Sim, admite a Comissão de Análise de Estudo de Meios (CAEM), que contratou a nova empresa. São uma novidade? Não; vêm apenas confirmar a "esmagadora maioria da informação" que todos os associados da CAEM, RTP incluída, conheciam da fase de testes. Quando haverá um painel mais estável e representativo da população portuguesa? Daqui a dois meses. Para a CAEM, há um responsável indirecto pela confusão que se instalou na audimetria: a Marktest.

O painel da GfK, que tem suscitado críticas sobretudo da RTP - os novos dados retiram-lhe cerca de um terço do público em relação à anterior medição -, entrou em vigor no dia 1 de Março, de forma precipitada, porque a Marktest e a sua proprietária, a inglesa Kantar, recusaram prolongar a sua medição sequer por mais uma semana. Andavam em adiamentos sucessivos desde dia 1 de Janeiro. "Não estavam em condições de manter o painel activo depois de dia 1 de Março", garantiram à CAEM, tendo mesmo afirmado que "o painel já não seria credível", contou Luís Marques, da direcção da comissão, que ontem fez um balanço da primeira semana de audiências com o novo sistema. Os dados dos testes e a luz verde para a GfK acabaram por ser dados com o conhecimento e a aprovação de todos os associados, fez questão de vincar Marques repetidamente.

"Não nos restava alternativa. O painel que temos hoje é o que resulta do facto de termos sido obrigados a avançar a 1 de Março", porque "a Mark- test não podia continuar, não tinha autorização da empresa-mãe". É preciso ajustar questões técnicas, para impedir falhas como a que colocou a zero, várias vezes, as audiências da RTP na terça-feira - algo que, aliás, já aconteceu com a Marktest 53 vezes este ano, frisou Luís Marques.

Apesar de indisponível para manter o painel, de modo a permitir mais testes, "estranhamente, a Kantar/Marktest enviou cartas individuais aos operadores propondo-se continuar a prestar o serviço de audiências mantendo o painel activo por mais dois anos", criticou o responsável da CAEM. A coexistência de duas medições de audiências, como acontece hoje, "não é boa para o mercado".

Em comunicado, a Marktest diz ter operado dois meses sem contrato. Devido à passagem para a TDT, fez investimentos de 500 mil euros para "manter a qualidade dos dados". E, para compensar o "esforço", propôs à CAEM um contrato que, porém, "não foi aceite nem tão-pouco discutido".

"Só há uma informação oficial, que é a certificada pela CAEM": a fornecida pela GfK. A defesa da GfK pela CAEM não fica por aqui: o novo painel reflecte melhor que o da Marktest a população portuguesa nas faixas etárias mais baixas e mais altas, assim como a relação dos portugueses com a TV - descobriram-se os novos usos e até que há mais 200 mil espectadores. Sobre a carta da RTP pedindo explicações sobre o processo, a CAEM recusa-se a "responder a ultimatos".

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