Mexefest: um festival para "descentralizar a movida"

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Esta é a rua do Coliseu, do Cinema Passos Manuel, do Maus Hábitos, do Pitch, do Ateneu do Porto... Paulo Pimenta

Em Lisboa, em Dezembro passado, ocupou quase tudo o que é sala com um palco da zona da Avenida da Liberdade. No Porto, aonde chega hoje e amanhã pela primeira vez, o festival Mexefest vai assentar arraiais na Rua de Passos Manuel e arredores.

"Aqui temos a felicidade de ser porta sim, porta sim", brinca Luís Montez, da Música no Coração, que organiza o festival, em conversa com o PÚBLICO. A rua será fechada ao trânsito, com excepção do eléctrico, um dos muitos palcos do Mexefest (hoje e amanhã, a partir das 19h45, uma fanfarra vai andar a bordo do eléctrico).

O Coliseu do Porto, o Cinema Passos Manuel, o Maus Hábitos, o Pitch Club, o Teatro Sá da Bandeira, o Ateneu Comercial do Porto, a FNAC de Santa Catarina, os cafés Majestic e Guarany, a Garagem Passos Manuel e, ufa!, as estações de metro do Bolhão e da Trindade formam o mapa do festival, que apresenta uma constelação da música indie contemporânea, dos já conhecidos St. Vincent e Twin Shadow às sensações Hanni El Khatib e Niki & The Dove (ver páginas 16 e 17 do Ípsilon).

Para Daniel Pires, do Maus Hábitos, "o que é importante nestes festivais é as pessoas tomarem consciência de outros espaços e de outras actividades". Foi o que aconteceu com o festival D"Bandada, em Outubro passado, que ocupou a zona noctívaga dos Clérigos, exemplifica.

E a Rua de Passos Manuel está a precisar de mais atenção, diz o patrão dos Maus Hábitos. A dinâmica nocturna da Baixa não se faz sentir da mesma forma nesta zona, que perdeu clientes face ao tempo em que espaços como o Maus Hábitos e o Passos Manuel estavam ainda sozinhos no que toca à boémia nocturna no centro do Porto. "Não tivemos a sorte que pensávamos que iríamos ter", constata Daniel Pires.

António Guimarães, vizinho da frente do Maus Hábitos, concorda. "Abri o Passos Manuel há sete anos e meio e localizei-o em frente ao Maus Hábitos. Eram os únicos espaços da Baixa. Depois, começou a aparecer uma série de coisas que se situaram na zona das Galerias [de Paris] e nós sofremos bastante com isso", diz.

Um (re)começo?

A localização do Mexefest é, para António Guimarães, um sinal de que está na hora de "descentralizar a movida". "A ideia do "Mexe" ser na zona a que chamamos "Alta Baixa" vem ao encontro da ideia de que as pessoas estão a ficar cansadas da confusão das "Galerias". As pessoas mais adultas, mais preocupadas com uma programação mais cuidada, estão a regressar à nossa zona", defende.


A concentração de salas de concertos na Rua de Passos Manuel, que o mapa do Mexefest põe em evidência, pode ser um trunfo para os proprietários de espaços nocturnos da área. "É a zona da cidade com mais alvarás de salas de espectáculos", garante Daniel Pires. "É uma zona com imensas possibilidades, com duas praças [Poveiros e D. João I] e um jardim [de São Lázaro], que deveriam ser revitalizados. [O Mexefest] Pode ser um começo".

A única grande sala da zona que não está no roteiro do Mexefest é o Rivoli, actualmente ocupado pelo Fantasporto. Luís Montez diz que este é um "primeiro passo" e que em próximas edições (o promotor está já convicto de que o Mexefest no Porto é para repetir em 2013) haverá mais salas envolvidas. E já sonha com a inclusão da Igreja de Santo Ildefonso no roteiro.

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