Wang Shu: os nossos arquitectos em Pequim só têm a ganhar

A inédita atribuição do Prémio Pritzker 2012 ao arquitecto chinês Wang Shu “vai estimular a qualidade da arquitectura que se faz na China”, diz o português Nuno Lobo

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Museu Histórico de Ningbo, projecto de Wang Shu evan.chakroff/Flickr

“Foi um boa surpresa. Conheço vários arquitectos chineses que se sentem influenciados pelo trabalho de Wang Shu”, disse Nuno Lobo, que trabalha há cinco anos num atelier chinês em Pequim. Na opinião daquele arquitecto português, a atribuição do Pritzker de 2012 a Wang Shu “vai estimular a qualidade da arquitectura que se faz na China”. 

“A quantidade continua a prevalecer sobre a qualidade, mas, até por uma questão de competitividade, a criatividade começa a ter um papel cada vez mais importante”, afirmou Nuno Lobo.

Nuno Batista, sócio-gerente do único atelier português de arquitectura estabelecido em Pequim, diz que “as pessoas, no Ocidente, vão agora reparar que a China não é só construção rápida, barata e mal executada, e os próprios chineses vão começar a apostar mais na qualidade”. 

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Nuno Batista

“O prémio é uma boa notícia para a arquitectura chinesa e um bom tónico também para nós”, acrescentou o responsável da Saraiva + Associados em Pequim.

"É um grande impulso para todos os arquitectos e mostra que a China também produz coisas fantásticas”, afirmou Jan Félix Clostermann, diretor do atelier britânico Sparch em Pequim. 

Segundo Clostermann, do ponto de vista da arquitectura e da presença de técnicos ocidentais, “Pequim já é “bastante internacional”, mas após a atribuição do prémio Pritzker a Wang Shu “irá falar-se mais em ‘criado na China’ do que em ‘feito na China’”.

Souto Moura venceu em 2011

O prémio, instituído em 1979 nos Estados Unidos, será entregue em Pequim no dia 25 de Maio. “Como qualquer grande arquiteto, Wang Shu criou uma arquitetura intemporal, profundamente enraizada no seu contexto e conteúdo universal”, disse o presidente do júri, Lord Palumbo, citado pela agência noticiosa oficial chinesa.

A inédita atribuição do Prémio Pritzker 2012 ao arquitecto chinês Wang Shu, anunciada na terça-feira, é “um estímulo” para as centenas de jovens criadores ocidentais estabelecidos na China, disseram à Lusa profissionais do sector.  

Considerado “o Nobel da arquitetura”, o Premio Pritzker já distinguiu, entre outros, Álvaro Siza Vieira (1992), Eduardo Souto Moura (2011), Óscar Niemeyer (1988) e o sino-americano I.M. Pei (1983), autor da famosa pirâmide do Louvre, em Paris.

Wang Shu, 49 anos, radicado em Hangzhou, é o primeiro arquitecto da República Popular da China a receber o prémio.