Parecem pães gigantes a descansar em cima de uma mesa de inox. A pasta amarela composta por açúcar, xarope de glucose, goma-base e aromas foi amassada durante 15 minutos e está agora a arrefecer. Na fábrica da Lusiteca, em Mem Martins, Sintra, são produzidos 2,5 milhões de pastilhas elásticas Gorila por dia e o processo de fabrico é relativamente simples. Trabalhadores vestidos de branco controlam de perto o movimento das máquinas. Cheira a laranja.
"Depois de arrefecido, o produto é compactado", vai explicando Jorge Esteves, director industrial, que faz uma visita guiada à fábrica das pastilhas, lançadas pela primeira vez em 1975 com o sabor tutti frutti. Uma máquina molda a massa em dois cordões, que seguem para um túnel frigorífico. Arrefece a mistura durante uns breves cinco minutos, tornando-a mais sólida e preparando-a para o envolvimento. Depois, é só cortar e embalar. Noutra linha de produção, fazem-se as Super Gorila, que a empresa quer relançar no mercado nacional em Maio. Saem apressadas da linha de produção e têm como destino o Dubai.
Depois de dez anos "adormecidas", como diz Ana Paula Costa, presidente da Lusiteca, as Gorila estão de volta com novos sabores e uma imagem actualizada. A última década foi dedicada quase em exclusivo às exportações, que já pesam 40% da facturação e são impulsionadas por Angola e o Médio Orientes (Dubai e Israel). Agora, é a vez de Portugal.
Reforço nas vendas
"As Gorila têm uma imagem forte, estão no imaginário das pessoas e estavam adormecidas e mais focadas nas exportações. Era difícil encontrá-las nos cafés", diz Ana Paula Costa, filha de Carlos Marques Costa, um dos três fundadores da empresa. Com este novo fôlego, a empresa quer aumentar a presença nas tabacarias, quiosques e cafés, canais de vendas privilegiados, e chegar mais facilmente aos portugueses, sobretudo crianças a partir dos 12 anos. "Nos hipermercados são os pais que compram. Os quiosques ou cafés ainda são o canal onde fazemos mais vendas de pastilhas Gorila", diz Francisco Ramos, director-geral de áreas de negócio.
A nova estratégia - que incluiu a contratação, pela primeira vez na história da empresa, de um responsável de marketing, e o recrutamento de uma nova equipa de gestão - tem como objectivo duplicar o volume de negócios para 20 milhões de euros até 2016. E para responder ao aumento da produção, a Lusiteca vai instalar uma nova linha num espaço que, hoje, é dedicado a armazenar produto. De acordo com Francisco Ramos, esta ampliação de produção deverá concretizar-se no próximo ano e fará crescer a capacidade da fábrica entre quatro a cinco toneladas por dia. A capacidade actual é de cinco mil toneladas por ano. "Os investimentos serão feitos passo a passo e se os volumes assim o justificarem", aponta Francisco Ramos.
Além das Gorila, a Lusiteca também alterou a imagem dos rebuçados Penha, Circo e Mouro. Na fábrica (que sexta-feira foi visitada pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira), a área da confeitaria está separada da produção das pastilhas elásticas. É aqui que os ingredientes se misturam para obter o ponto de caramelo ou o ponto de rebuçado, a base dos rebuçados de fruta ou caramelos de leite. As máquinas fazem o trabalho árduo, dando ritmo à produção, amassando continuamente as pastas brilhantes.
Reacções positivas
A revitalização das Gorila está, para já, a ser bem recebida pelos clientes, donos de cafés e tabacarias. "Estamos a ter uma adesão espectacular", diz Francisco Ramos. A equipa de promotores que tem visitado os estabelecimentos comerciais "tem tido óptimas reacções" e o mercado parecia estar à espera do regresso da pastilha elástica portuguesa, numa altura em que se tenta aumentar o consumo de produtos nacionais. "Os lançamentos são autênticos bebés. Toda a empresa se move em função deles, da fábrica à divisão financeira", sublinha o gestor.
A maior parte da matéria-prima é de origem portuguesa. No caso da Gorila, apenas a goma-base é importada, tal como algum material da embalagem. Contas feitas, cerca de 75% das pastilhas elásticas são produzidas com produtos nacionais ou comprados a empresas portuguesas.