Artur Serra Araújo joga em casa
Para Artur Serra Araújo (n. Porto, 1977), estrear um filme no Fantasporto é algo natural. Aconteceu com as suas primeiras curtas-metragens, e também com a longa de estreia, Suicídio Encomendado (Prémio Especial do Júri em 2007). Vai voltar a acontecer com a segunda longa-metragem, A Moral Conjugal, que hoje (21h15, Grande Auditório do Teatro Rivoli, Porto) terá a primeira exibição absoluta no festival, onde é também o único filme português a concurso na Semana dos Realizadores.
O realizador terminou a pós-produção do filme praticamente sobre a data da estreia, e falou ao P2, no Rivoli, antes de testar a projecção vídeo com a cópia que acabava de chegar de Lisboa. Também espectador assíduo do Fantasporto, Artur Serra Araújo acha que o festival tem "um público bastante genuíno". "Ninguém lhes diz o que é que deve ver ou não. As pessoas arriscam, e tão depressa vêem um filme coreano de qualidade duvidosa como uma produção americana em première absoluta. Esse tipo de fervor artístico motiva-me a estrear cá", diz, justificando a sua aposta de estrear o novo trabalho no festival.
A Moral Conjugal é um filme que o autor apresenta como "uma comédia negra romântica": é a história de uma delegada de propaganda médica, habituada a trilhar os caminhos da infidelidade com médicos, que se vê simultaneamente envolvida com um homem que tem ataques de pânico de cada vez que se apaixona e com outro que é "uma espécie de terrorista romântico". Foi rodado entre Cascais e o Estoril - um cenário urbano "com alguma sofisticação" que interessava ao realizador "para contrastar com a violência da intriga" -, e contou com o apoio da Câmara de Cascais, da RTP e do FICA (um financiamento que não foi cumprido até ao fim), para um orçamento de quase 200 mil euros.
São José Correia e José Wallenstein (um dos intérpretes de Suicídio Encomendado) são actores que Artur Serra Araújo escolheu logo na escrita do argumento, a que depois juntou Maria João Bastos, Dinarte Branco e Catarina Wallenstein. "Gosto de escrever e de acompanhar o crescimento dos meus filmes, logo a partir da folha de papel", diz o realizador, licenciado em Som e Imagem na Escola das Artes da Universidade Católica/Porto.
A Moral Conjugal deverá chegar às salas de cinema depois do Verão.