Gravuras rupestres identificadas em Vale de Cambra
Gravuras com cerca de cinco mil anos estão a ser identificadas em penedos próximos da aldeia do Trebilhadouro, em Vale de Cambra, e podem integrar uma extensão de arte rupestre mais vasta, que se estima em cerca de 50 metros. A informação é de Alexandre Rodrigues, o arqueólogo que coordena a investigação para a Câmara de Vale de Cambra, segundo o qual as espirais, linhas e fossetes agora em estudo correspondem aos cânones da chamada Arte Rupestre Atlântica e terão sido escavadas no granito, por picotagem, num período situado entre o Neolítico e a Idade do Ferro.
"Há um painel completamente visível, com duas espirais, várias covinhas e uma que parece ser o desenho de um machado. Mas, um pouco mais abaixo, encontramos outros indícios de gravuras e estimo que, num raio de 50 metros, haja muitas mais, sob a vegetação", revela o arqueólogo. A equipa responsável pelo estudo prepara-se agora para trabalhar no terreno, para identificar os desenhos percetíveis, proceder ao seu decalque e expô-los a diferentes tipos de iluminação, apurando assim se a pedra exibe outros motivos para além dos perceptíveis à luz solar.
Os trabalhos arqueológicos deverão começar no Verão, "quando as condições climatéricas são mais favoráveis", mas Alexandre Rodrigues não espera "milagres" e explica: "O sentido das gravuras é difícil de obter porque estas figuras têm um código que nós não conhecemos nem conseguimos decifrar. Dificilmente poderemos dizer qual é o significado do que está aqui", assmue. A equipa quer também "descobrir se existe alguma lenda associada ao local, como acontece no Outeiro dos Riscos, outro sítio com gravuras rupestres em Vale de Cambra", acrescenta Alexandre Rodrigues. "No fundo, vamos fazer um estudo completo desde os tempos modernos até ao período mais recuado possível da História, porque o facto é que este concelho tem um grande potencial, por ter sítios identificados que abarcam quase todos os períodos arqueológicos".
A vereadora do Turismo e Cultura na Câmara de Vale de Cambra assegura que "as gravuras vieram mesmo a calhar", por reforçarem o potencial turístico da aldeia do Trebilhadouro, onde duas empresárias estão a investir 600 mil euros na recuperação de nove casas para turismo rural. Adriana Rodrigues garante que "a câmara irá apoiar a preservação desse património importantíssimo", contando para tal com a cooperação da Escola Profissional de Arqueologia do Marco de Canaveses e com o apoio do IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Lusa