E se nas arcadas da Avenida Central nascesse uma escola de artes performativas?
O arquitecto Carvalho Araújo não acredita que seja possível dar uma nova vida ao centro de Braga sem resolver o "divórcio" actual entre a cidade e a Universidade do Minho (UM). Uma das propostas do arquitecto vai no sentido de transformar um dos edifícios mais emblemáticos da zona histórica numa escola de artes performativas. Só assim será possível "trazer mais vida" ao coração de Braga, acredita.
O arquitecto defende que o edifício da Rua do Castelo - que fecha o quarteirão da arcada da Avenida Central - deve ser recuperado para albergar a futura escola de teatro e artes performativas da UM. A nova licenciatura tem arranque previsto para o início do próximo ano lectivo e está projectada para Guimarães, devendo ficar sediada no antigo Teatro Jordão. Mas para Carvalho Araújo "faz mais sentido" que esta fique em Braga. E, argumenta, o seu projecto pode ser uma forma de a autarquia poder convencer a reitoria da UM a mudar os planos.
"A universidade devia reconsiderar, porque esta era uma forma de ter uma presença mais forte na cidade", defende Carvalho Araújo. A distância entre o centro de Braga e o pólo de Gualtar da UM leva a que haja uma espécie de "divórcio". A zona do campus acaba por se tornar uma "cidade dentro da cidade", mantendo os estudantes muito próximos de Gualtar, o que os afasta da oferta cultural da cidade.
O arquitecto acredita ser "essencial trazer mais a universidade para o centro de Braga". "É isso que falta a Braga", diz Carvalho Araújo, considerando a necessidade de regenerar o centro histórico. "A importância da Capital Europeia da Juventude não é o ano em si, mas o reforço de uma estratégia para o futuro. E isso só se consegue com a universidade mais próxima", afirma.
O edifício da rua do Castelo é, para Carvalho Araújo, a melhor aposta para "contagiar o centro histórico com criatividade". O imóvel ocupa praticamente toda a artéria, numa zona nobre da cidade que marca a ligação entre as avenidas Central e da Liberdade e a Rua do Souto, a principal zona comercial de Braga. O arquitecto propõe "preservar o edifício" existente, marcado por dois torreões e uma galeria. Além disso, projectou "construir um pequeno volume na zona superior", que seria recuado de modo a criar uma varanda exterior no topo do edifício.
A nova construção pretende "conferir uma nova identidade ao imóvel", mas também criar uma nova relação de visibilidade entre o equipamento e a cidade. Também a galeria sofreria uma intervenção caso este projecto seja bem acolhido, propondo o arquitecto que esta seja pintada com uma cor forte. "O que pretendo é que o local comunique com as pessoas, obrigando-as a entrar", explica.