Crise pode reduzir taxa de natalidade entre as mulheres mais jovens

Desemprego, precariedade e incerteza face ao futuro e à economia são factores que podem levar a que mulheres jovens, entre os 25 e 30 anos, continuem a adiar a decisão de ter filhos

As mulheres têm cada vez menos filhos e a opção de ser mãe é tomada cada vez mais tarde lizdavenportcreative/Flickr
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As mulheres têm cada vez menos filhos e a opção de ser mãe é tomada cada vez mais tarde lizdavenportcreative/Flickr
Hans and Carolyn/Flickr
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A crise poderá provocar uma redução da natalidade entre as mulheres mais novas, defendeu a presidente da Associação Portuguesa de Demografia.

“Tínhamos uma expectativa de recuperação de fecundidade nas faixas etárias mais jovens, mas penso que o desemprego e a precariedade podem ter um efeito negativo que leve a que as mulheres que estão no período óptimo da fecundidade, na faixa etária entre os 25 e os 30, continuem a adiar”, disse à Lusa a presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes.

A “incerteza face à economia e ao futuro pode ser muito marcante em termos da decisão de fecundidade e pode ter uma implicação não no número de filhos que as pessoas vão acabar por ter no fim da sua vida fértil, mas no número de filhos que têm agora. Poderão adiar mais uma vez”, explicou Maria Filomena Mendes.

Mulheres mais velhas podem contrabalançar

Portugal vive um grave problema de envelhecimento da população. As mulheres têm cada vez menos filhos e a opção de ser mãe é tomada cada vez mais tarde. Com a actual crise económica, a situação poderá agravar-se.

A situação acabará por se “reflectir numa diminuição de nascimentos no país”. No entanto, a presidente da Associação Portuguesa de Demografia acredita que as mulheres mais velhas poderão vir a contrabalançar a situação.

“A crise poderá ter um efeito nos casais, em particular nas mulheres que ainda não tem filhos e que querem ter pelo menos um filho e que já adiaram muito”, defendeu.

As mulheres com mais de 35 anos, que “não podem adiar muito mais” só têm duas opções: “ou renunciam completamente a ter filhos ou independentemente da crise poderão recuperar esse adiamento e terem pelo menos um filho mesmo em tempo de crise”.

“Contrariamente ao que seria expectável, poderemos ter nessas faixas etárias um aumento do número de nascimentos”, defendeu. Ou seja, “a crise pode ter aqui dois efeitos” e “o futuro vai ser uma conjugação destes dois efeitos”.

Adiar o nascimento do primeiro filho é uma tendência que se vem registando nas últimas décadas em Portugal: nos anos 60 era habitual as mulheres serem mães aos 25 enquanto nos últimos tempos a maioria decide ter filhos quando passa a barreira dos 30.