Charles Dickens: Mais vivo do que nunca

Comemora-se hoje o bicentenário do nascimento de Charles Dickens (1812-1870). O que escreveria o autor de Oliver Twist , de David Copperfield ou de Great Expectations, se estivesse vivo? Estaria a escrever policiais, a "twittar" freneticamente ou ao lado dos Occupy? Trabalharia em cinema, dirigiria um teatro ou cumpriria o seu sonho de ser actor? Tudo é possível num homem à frente do seu tempo.

Os sinos vão tocar hoje em Londres. O príncipe Carlos e a duquesa da Cornualha visitam, de manhã, o Charles Dickens Museum, assinalando a reabertura da casa-museu (a única casa onde Dickens viveu em Londres e que ainda existe). O casal real terá uma leitura privada feita por Gillian Anderson, que interpretou Miss Havisham na recente adaptação de Great Expectations (Grandes Esperanças ) pela BBC. Ao meio-dia, o museu abre ao público e os primeiros 200 visitantes têm direito a bolo de aniversário.

O príncipe Carlos estará também na Abadia de Westminster, a partir das 11h, a participar na cerimónia de deposição de coroas de flores no Poets" Corner, onde o escritor está sepultado. O actor Ralph Fiennes, dois descendentes do escritor e a biógrafa Claire Tomalin, que lançou recentemente Charles Dickens: a Life (ed. Penguin), vão fazer leituras. Também em Londres, cidade que Dickens tão bem descreveu nos seus livros, na Catedral de Southwark, tocarão os sinos. Aí, ao final da tarde, Claire Tomalin dá uma palestra e abre uma pequena exposição com cartas e objectos que pertenceram ao autor de David Copperfield (Relógio D"Água). Por todo o mundo vai celebrar-se Dickens (ver infografia nas páginas seguintes).

Nas cerimónias, Claire Tomalin vai ler uma carta que Charles Dickens escreveu a uma das suas irmãs, Fanny Burnett, em 1844. "Ele pediu para as cartas serem destruídas e teria ficado aterrado ao saber da publicação dos 12 volumes de cartas (The Letters of Charles Dickens: 1820-1870, The Pilgrim Edition). Mas as suas cartas dizem tanto sobre a Inglaterra daqueles tempos...", contou a biógrafa durante o seminário literário, organizado no final de Janeiro pelo British Council na Bertelsmann, em Berlim, intitulado: O que é que Dickens escreveria hoje? . Nessa carta, o escritor apresenta-se como uma personagem. Ficámos a saber que gostava de se divertir, de dançar até às tantas da manhã, que apreciava uma boa bebida e que adorava ser um dandy. "Era muito bem-parecido", diz Claire Tomalin. A Inglaterra estava em recessão, as pessoas estavam desempregadas e tinham fome - "era pior do que a vida hoje, mas era parecido", acrescenta. Quando escreveu essa carta, Dickens estava em Liverpool para conseguir que os trabalhadores tivessem acesso a bibliotecas e ao ensino na era da revolução industrial: ajudou a angariar dinheiro. Costumava fazer leituras públicas, uma das razões por que era adorado. Era muito acessível a todos os leitores. Em vida, pediu ao amigo John Forster que fosse seu biógrafo. Forster foi o depositário dos seus manuscritos, que deu mais tarde ao Victoria & Albert Museum, e tornou-se no seu agente. "Tiveram algumas disputas, mas nada de muito especial. Dickens contou a Forster vários segredos da sua vida que ninguém sabia na altura. Ele queria que as pessoas soubessem como tinha sido a sua infância", afirma Claire. Tinha um avô, que não estava no país por razões que eram segredo de família, e na infância, quando o pai foi preso por dívidas, Dickens começou a trabalhar numa fábrica, um período que os pais nunca mais mencionaram (outro segredo da família). "Perfeito para o início de vida de um romancista", acrescenta Claire Tomalin, que realça a energia de Dickens - não conhece nenhum escritor que conseguisse fazer tantas coisas ao mesmo tempo. Ele é o homem que escreveu Os Cadernos de Pickwick (ed. Tinta-da-China), Oliver Twist (Publicações Europa-América) e Nicholas Nickleby ao mesmo tempo. Foi jornalista parlamentar e depois de ter começado a ter sucesso financeiro como escritor, teve uma segunda carreira: durante 20 anos criou e editou revistas (onde as suas histórias eram publicadas em folhetim, antes de serem editadas em livro). E ainda teve uma terceira carreira: nos últimos 12 anos de vida foi actor, lendo os seus livros mundo fora (com muito sucesso nos EUA). "Definia-se a si próprio como "o inimitável". Era uma piada, mas no fundo não era uma piada porque ele sabia que podia fazer coisas que mais ninguém podia!", conclui a biógrafa britânica.

Entertainer antes de tudo

Se Dickens escrevesse hoje, perguntámos a Claire Tomalin, o que escreveria? "Na altura, Dickens já estava a escrever para os dias de hoje, para a posteridade. A sua maneira de recriar Londres e de criar personagens parece-me relevante ainda hoje. Na época, ele disse a um amigo que se vivesse outra vez queria ser director de um teatro, organizar tudo, fazer castings... Imagino perfeitamente Dickens a dirigir o Teatro Nacional com uma energia tremenda!"

A autora britânica A. S. Byatt (Possessão - Uma história de amor, ed. Sextante, romance que recebeu o prémio Booker em 1999) deseja sinceramente que se Charles Dickens vivesse hoje continuasse a ser escritor. Porque o que ela gosta em Dickens é o que ele faz com a língua inglesa. "Não sei se ele seria um bom ou um mau actor, mas sei que ele é uma das três ou quatro pessoas que conseguiram inovar a língua. Mudou-lhe a forma e isso encanta-me. Sou uma leitora apaixonada e não me contentaria vê-lo no cinema ou em algum programa de televisão. Se ele estivesse vivo, teria de ser escritor e eu estaria a lê-lo." E acrescenta: "Claro que estaria constantemente a ser solicitado para ir à televisão, para fazer leituras públicas, para andar de um lado para o outro, a dormir duas horas em aviões, e, certamente, morreria jovem. Seria demasiado, não saberia quando parar...", brinca. A. S. Byatt sente Dickens perto dela. "Está perto de mim como leitora, porque pertenço à geração de quem era esperado que começasse a ler as suas obras muito cedo. Foi a minha mãe que me deu os livros dele.

Comecei a lê-lo aos seis anos. Ensinei LiteraturaVitoriana durante algum tempo na faculdade, não ensinei muito Dickens, nas aulas falava mais de George Eliot [pseudónimo da escritora vitoriana Mary Anne Evans, 1819-1880], que também deve ser mencionada neste seminário, pois é tão fantástica como Dickens!"

Primeiro Byatt leu Os Cadernos de Pickwick e, a seguir, Great Expectations - que conta a história do orfão Pip, que ajuda um condenado e estava destinado a ser ferreiro, mas acaba por ascender socialmente graças a um benfeitor que o envia para Londres para ter educação e aprender a ser um gentleman .

Quando leu este livro na infância, A. S. Byatt ficou aterrada com o que acontecia a Pip. Hoje aprecia a elegância com que Dickens escrevia. No seminário literário em Berlim, onde também participou, leu o primeiro capítulo de Great Expectations para a plateia e fez notar como é cinematográfico. "Podia ser um storyboard . Daria uma óptima novela gráfica."

Na altura em que estava a escrever o seu último romance, Um Dia (Civilização Editora), que se tornou num best-seller mundial e foi adaptado ao cinema, o escritor e argumentista britânico David Nicholls estava a ler Great Expectations para decidir se aceitava adaptá-lo ao cinema ou não. "É um livro sobre a paternidade sem pais", diz. O sonho de Pip de querer ser um gentleman "é tal e qual como as crianças que respondem que querem ser famosas quando lhes perguntam o que querem ser quando forem grandes". Antes de ser escritor, David Nicholls tentou ter uma carreira de actor até descobrir que era "uma completa perda de tempo". O que ele gostava mesmo era da escrita para teatro e por isso percebe perfeitamente a paixão de Dickens.

No final deste ano aguarda-se com expectativa a sua adaptação deste romance, com a estreia do filme Great Expectations realizado por Mike Newell, com os actores Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter e Jeremy Irvine. Apesar de estar sujeito a um acordo de confidencialidade, Nicholls foi revelando no seminário algumas das suas dificuldades, o que se perde quando se adapta uma obra ao grande ecrã. "É como se se estivesse a destilar uma obra-prima", diz o escritor. Nicholls ainda não viu o filme, apenas algumas cenas e material das filmagens, mas pareceu-lhe um óptimo trabalho. "Ao lermos Great Expectations , existem passagens cómicas, mas é um livro de mistério formidável, um excelente thriller cheio de surpresas, de perseguições e de violência, e espero que a nossa adaptação tenha conseguido captar parte disso, quase como se fosse um film noir : o revelar de um segredo. Não penso que Dickens fosse um grande escritor do amor e romance, mas Great Expectations tem a sua maior história de amor. Espero que o filme seja emocionante e comovente, talvez mais do que as adaptações que foram feitas anteriormente", disse ao P2.

Nas primeiras versões do argumento, Nicholls inventou um novo final paraGreat Expectations(o próprio Dickens escreveu duas versões do fim). Como o romance de Dickens tem vários finais ao longo dos seus três volumes - que não podem ser transpostos para o grande ecrã porque isso baralharia o espectador -, Nicholls imaginou para o filme um final diferente dos criados por Dickens e que se passava no Egipto. "Achámos que filmar no Egipto seria problemático, pensámos em Marrocos mas ficámos sem dinheiro e a cena passou a ser em Inglaterra. O novo fim que se passava em Marrocos foi-se. Ainda não filmámos a última parte do filme porque estamos à espera da Primavera e de dinheiro", contou. Nicholls duvida que Charles Dickens estivesse a trabalhar em cinema na actualidade porque o escritor sempre controlou tremendamente o seu trabalho e isso ser-lhe-ia inviabilizado na indústria do cinema ou das telenovelas. "Antes de tudo ele era um entertainer , ele queria agarrar, divertir e emocionar os leitores e escrevia para ser lido. Na actualidade continua a fazê-lo, a sua influência está por toda a parte na cultura britânica e só Shakespeare tem tanta importância como ele", acrescenta Nicholls. Claro que, para um escritor que foi tão produtivo, há por vezes passagens que não são tão boas, "mas ele é incrivelmente consistente. A maioria das suas obras são magníficas e ele foi subvalorizado na cultura britânica e agora está a ter o lugar que merece."

Ao contrário do que acontecia na época em que o escritor viveu, hoje Dickens teria de escolher o meio que lhe permitiria chegar a mais pessoas. Por outro lado, lembra John Mullan, académico especialista em Literatura do Século XVIII, Dickens também queria ser um bom escritor e se hoje estivesse a escrever para telenovelas, nunca teria esse prestígio. Mas também é preciso não esquecer que "qualquer coisa que Dickens escrevesse, seria uma obra-prima nesta era da televisão", acrescenta Claire Tomalin. Os romances hoje não têm as inúmeras personagens que os romancesvitorianos tinham, embora haja pessoas que tentam fazer o que Dickens fazia.

Um humor kitsch

David Nicholls lembra que Jonathan Franzen e Jeffrey Eugenides têm nas suas obras personagens que reflectem a sociedade, mas não conseguem dar o mesmo retrato da sociedade que Dickens dava. "Há muitos romances escritos hoje, que dão um bom retrato da sociedade, mas isso não os torna dickensianos", afirma John Mullan. E Toby Litt, autor de Crime em Dois Actos (Ed. Presença), diz que o nosso humor actual não é o mesmo que o de Dickens, e basta ver o que as pessoas acham engraçado no YouTube. "Somos demasiados cínicos. O seu humor hoje seria kitsch", considera Litt, embora ressalve que continua a resultar quando o lemos alto. Além do poder da sua linguagem, Dickens disse coisas que "as pessoas ainda querem ouvir", e por isso sobreviveu ao tempo, acrescenta Toby Litt. Para John Mullan, isso aconteceu por duas razões. "A primeira tem a ver com as personagens. Mesmo quem nunca leu Dickens conhece as suas personagens mais famosas, como Fagin; ou frases, como a de Oliver Twist a pedir mais comida no orfanato. A segunda razão são vozes que estão ligadas a essas personagens, a maneira como elas falam. Ele tinha um extraordinário dom, que não tem paralelo em qualquer outro romancista britânico, de atribuir às pessoas a sua própria linguagem, de ser muito realista. Ouvia essas vozes e dialectos e transpunha-os para a escrita. Por isso é tão difícil de traduzir. O que também o fez sobreviver é a sua extraordinária capacidade para fazer com a linguagem coisas que nunca ninguém tinha feito", explica ao P2.

Dickens parecia viver também para pessoas que nunca tinham lido antes de chegarem à sua obra. Muitas das pessoas que viram agora a série Great Expectations,que passou na BBC, ou que vêem os filmes que adaptam os seus livros, talvez nunca o tenham lido ou já o leram há muito tempo. Há críticas às modificações introduzidas nos argumentos, "mas este autor conseguiu sobreviver às suas adaptações", diz John Mullan.Dickens tinha um extraordinário poder de caracterização. Escrevia em folhetim, as obras eram publicadas em fascículos, e por isso as pessoas tinham de se agarrar às personagens logo à primeira. Exagerava, repetia-se, as personagens tinham tiques de linguagem para melhor serem recordadas pelos que seguiam o folhetim. "Dickens faz aquilo que os escritores tentaram evitar durante séculos!", conclui John Mullan.

Histórias fantásticas

A importância das personagens criadas por Dickens também é referida pela escocesa Denise Mina. "Os seus livros ainda são tão vitais... Mas o mais importante é que ele criou personagens que realmente podemos adorar e outras que realmente podemos odiar", diz ao P2 a autora de policiais (A Contas com o Passado e Culpados ou Inocentes, editados na Presença), que também foi uma das convidadas do seminário. "Ele conta-nos histórias fantásticas. A sua escrita pode ser bela, mas para agradar ao grande público, como ele fazia, Dickens tinha de ter grandes histórias que agarrassem. E ele conta-nos diferentes tipos de histórias, podemos até não gostar da personagem principal, mas ao lado aparecem sempre outras personagens com menos importância e com quem nos identificamos. Acredito que são as histórias que realmente atraem os leitores ainda hoje."

Se o autor de Our Mutual Friend (que a Relógio D"Água publicará este ano) vivesse hoje, Denise Mina acha que ele estaria a escrever romances policiais porque, e cita o escritor Dennis Lehane, é para lá que mudou o romance social. "Vemos respostas mais imediatas a circunstâncias e a mudanças sociais na literatura policial do que em outros romances contemporâneos. Temos a ideia romântica de que o artista que faz literatura é alguém que demora dez anos a escrever um livro e quanto mais tempo demora, melhor é. Isto não é necessariamente verdade. Jack Kerouac disse first thought, best thought , o primeiro pensamento é o melhor, e acho que às vezes isso acontece."

Na actualidade, Denise imagina Charles Dickens a "twittar" o tempo todo. "Ele estaria a causar twitter storms constantemente e teria um blogue. Estaria muito comprometido com o que está a acontecer na política agora. Acho que ele participaria nos movimentos Occupy porque as nossas políticas são bastante confusas, confusas o suficiente para se ir acampar em Wall Street porque ninguém percebe o que eles realmente querem e acho que ele ia adorar a política contemporânea."

Denise dá como exemplo os tumultos do ano passado no Reino Unido, que em alguns casos tiveram interpretações nos media de que se tratava apenas de pessoas a quererem roubar lojas. "Uma interpretação insultuosa", segundo Denise Mina. "Dickens era um jornalista de investigação e era um homem que questionava. Nem sempre fazia as perguntas certas ou chegava às conclusões certas, mas acho que ele teria ido aos sítios onde começaram os tumultos para perceber as verdadeiras razões", acrescenta.

Durante um workshop que deu no seminário de literatura, Denise Mina escolheu pôr os participantes a lerem excertos de Hard Times - For These Times , publicado em 1854 (que João Botelho adaptou ao cinema em Tempos Difíceis ). Os temas abordados por Dickens mantêm-se. Vão desde a divisão entre ricos e pobres à injustiça, da falta de ordenados adequados aos poucos direitos do trabalhador. "Coisas como: se temos uma empregada da limpeza, pagamos-lhe subsídio de férias ou de doença? E fazemos o mesmo com o jardineiro? Trata-se de sermos decentes todos os dias. Dickens estaria muito preocupado com estas questões porque se trata de autonomia individual." Como Charles Dickens nunca teve uma instrução formal nem tinha conhecimento de toda a história da literatura inglesa, Denise Mina diz que a influência da tradição oral na sua obra é óbvia quando o lemos alto. "Se a leitura for feita com entoação e gestos, vemos bem como ele vem da tradição dos contadores de histórias."

Dickens actual

Dan Franklin, editor da Vintage, a divisão literária da Random House no Reino Unido, dá a volta ao tema do seminário O que é que Dickens escreveria hoje? e faz a pergunta "Como é que Dickens seria publicado hoje?". Lembra que John Forster cumpria muitas das tarefas de um agente literário contemporâneo. Com uma única diferença: não era pago. "Era o seu primeiro leitor, era conselheiro literário e negociava com os editores defendendo os interesses de Dickens. A diferença é que hoje os agentes ainda são mais poderosos." Sabe-se que durante toda a sua carreira "Dickens estava obcecado com a protecção de direitos de autor, principalmente nos Estados Unidos, onde as edições piratas eram correntes", e, hoje, com "os ebooks, as possibilidades de pirataria são quase ilimitadas e as repercussões na gestão dos direitos de autor são profundas."

"Sabemos que Dickens gostava de comunicar directamente com os seus leitores, que fez esgotantes viagens de promoção e leitura dos seus livros pelo Reino Unido e nos Estados Unidos, mesmo no fim da sua vida", afirma o editor britânico, que se interroga se o escritor da época vitoriana seria hoje um ávido utilizador do Twitter. "Se Stephen Fry, o escritor e actor britânico, tem 3,7 milhões de seguidores no Twitter, imaginem quantos teria o Charles Dickens!" Mas o editor britânico de Salman Rushdie e de Ian McEwan não fica por aqui nesta viagem no tempo. Refere que há um aspecto no mundo digital actual que poderia ser "familiar a um Dickens actual": os romances que são vendidos em séries, capítulo a capítulo. E lembra que Mark Danielewski (autor de House of Leaves ) acabou de vender à editora Pantheon, nos EUA, o romance The Familiar, que vai ser editado em 27 partes. "O comunicado de imprensa da Pantheon dizia que o plano era "reinventar a histórica fórmula dickensiana de publicação - a serialização de uma obra inteira antes da sua publicação - usando uma nova tecnologia"." Charles Dickens está mais vivo do que nunca.



O PÚBLICO viajou a convite do British Council

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