Croácia vota para ser o 28.º membro da União Europeia A abstenção
Zagreb ratifica adesão, prevista para 2013. "Juntamo-nos aos países mais bem sucedidos da Europa", disse o Presidente
63%
de abstenção não chegam para pôr em causa os 67% de votos no "sim" à adesão, já que não era preciso qualquer mínimo de particapação para validar o resultado deste referendo Os croatas deram ontem o seu acordo à entrada na União Europeia, prevista para Julho de 2013, com uma larga maioria de 67% do eleitorado a votar "sim" num referendo destinado a ratificar internamente a proposta de adesão, apesar de preocupações com a actual instabilidade económica do bloco europeu.
De acordo com os termos do tratado de adesão assinado em Dezembro, bastava uma maioria simples para formalizar a aprovação dentro do país. Com mais de 50% dos votos contados, o "não" tinha 32%. A abstenção ficou nos 63%, quase 20 pontos acima das eleições parlamentares de Novembro, mas não havia nenhuma exigência em termos de taxa de participação para que o resultado fosse válido.
Para os responsáveis políticos croatas - todas as facções políticas fizeram campanha pela entrada no clube europeu - trata-se da "decisão mais importante" para o país: "Juntamo-nos aos países mais bem sucedidos da Europa", considerou o Presidente croata, Ivo Josipovic.
O primeiro-ministro, Zoran Milanovic, sublinhou que este passo significa "desenvolvimento e prosperidade" para o país, que há não muito tempo viveu uma guerra brutal (1991-95) contra os sérvios, saldada em mais de 20 mil mortos. Zagreb já beneficiou de 150 milhões de euros de fundos de pré-adesão, e até ao próximo ano vai receber mais 245 milhões de euros.
Bruxelas estabeleceu condições particularmente duras para o acesso da Croácia. As negociações para a adesão só se iniciaram formalmente depois do Governo ter aceitado colaborar com o Tribunal Penal Internacional na investigação dos crimes de guerra ocorridos com o desmembramento da antiga Jugoslávia, em 2005. Os parceiros europeus também exigiram legislação para combater a corrupção e o crime organizado no país.
O grande entusiasmo da Croácia com a integração europeia, que subia a 80% em 2003, esmoreceu com o prolongamento das negociações com Bruxelas. O apoio foi diminuindo, mais por causa da deterioração da situação económica (na Croácia como na Europa) do que pelos receios de perda de soberania. Num apelo ao voto, o Presidente Josipovic insistiu que a entrada na UE não punha em causa a independência do país ou o aproveitamento dos seus recursos naturais. "Não vamos ser governados pela União Europeia", sublinhou.
A Croácia debate-se com uma profunda crise económica e uma elevada taxa de desemprego. No ano passado, a agência de notação financeira Standard & Poor"s cortou o rating do país praticamente para lixo, por causa da situação fiscal do país e da incapacidade de Zagreb de garantir financiamento externo.