Iniciativa vai no seu sétimo ciclo, fazendo chegar a música erudita ao grande público. No próximo domingo, escutar-se-ão excertos da suite Os Planetas , de Gustav Holst, pela Orquestra Artave. Em Março, será o concerto número 70

Acorde atrás de acorde, um solfejo a seguir ao outro, o Coliseu do Porto já leva realizados, desde 18 de Setembro de 2005, 67 Concertos Promenade. A iniciativa, vocacionada para dar a conhecer a música erudita ao grande público, e especialmente às crianças e aos jovens, foi vista, até ao final do sexto ciclo de espectáculos, em Junho de 2011, por cerca de 94 mil pessoas. Como, de então para cá, já se realizaram mais quatro concertos, o mais provável é que, à custa desta iniciativa, mais de cem mil espectadores tenham tido a oportunidade de passar uma manhã de domingo um pouco diferente do habitual: em vez de preguiçarem, estiveram no Coliseu a ouvir alguma da melhor música que o génio humano produziu, de Mozart a Beethoven, passando por Rossini, Tchaikovsky, Mendelssohn, Stravinsky, Häendel, Prokofiev, Cage ou Gershwin.

Hoje, o programa será ocupado por excertos da suite Os Planetas , de Gustav Holst, interpretados pela Orquestra Artave. É o 68.º concerto. Em Março, far-se-á o mais redondo septuagésimo espectáculo, com o Adagietto da 5,ª Sinfonia, de Mahler, interpretado pela Orquestra Sinfónica da ESART.

"Fico muito contente por saber que este modelo continua vivo e a conquistar públicos. Cem mil espectadores é um número impressionante", diz Cesário Costa, o maestro titular da Orquestra Metropolitana de Lisboa que já por várias vezes dirigiu concertos do ciclo Promenade do Coliseu, do qual foi, em 2005, um dos criadores, com José António Barros e Jorge Castro Ribeiro. "São momentos muito especiais para quem está no palco e momentos felizes e agradáveis para quem assiste. Tenho a certeza de que os Concertos Promenade marcaram muito a formação de muita gente", acrescenta.

Com larga tradição nos Estados Unidos da América e em muitos países da Europa, os concertos promenade, como o próprio nome indica, pretendem dar a conhecer o património musical de uma forma mais leve e descontraída do que é habitual nos concertos de música erudita, com um ambiente que favorece a participação de famílias, quase em jeito de passeio. No Porto, ocorrem sempre ao domingo de manhã, normalmente uma vez por mês, e, segundo os dados fornecidos pela organização, são vistos, em média, por 1600 pessoas (há trezentos espectadores que compram a assinatura para toda a temporada, beneficiando de um desconto de 50%, e 500 bilhetes de cada concerto são adquiridos pela Câmara do Porto e oferecidos a instituições da cidade).

"O facto de a orquestra estar a tocar na pista do circo, mais próxima dos espectadores, de os concertos terem uma obra central com uma ideia forte, e a forma descontraída como decorrem são, sem dúvida, motivos que contribuem para o sucesso do modelo do Coliseu do Porto", diz o maestro Cesário Costa.

Para cada um dos concertos é convidada uma orquestra diferente, quase sempre nacional. Já por lá passaram quase todas, da Orquestra da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo à Orquestra Nacional do Porto, passando pelo grupo de percussão Drumming ou pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. Os programas são comentados, apresentados e complementados por imagens projectadas na tela do palco, envolvendo a participação do público na explicação das obras interpretadas. Após a apresentação, a principal obra do concerto é explorada, em momentos breves, com a participação dos espectadores e com projecções de computador e de imagens da orquestra em tempo real. O concerto encerra-se com uma obra conhecida, de carácter festivo, em que se apela à participação activa do público, que, contagiado pelo ritmo, bate palmas a compasso.

O modelo já foi, entretanto, replicado no Algarve, com a orquestra da região, e também, por exemplo, em Aveiro. Para incentivar a adesão do público e, eventualmente, ajudar ao despertar de novas paixões musicais, a organização dos Concertos Promenade do Coliseu do Porto passou ainda a sortear um instrumento musical no último concerto de cada ciclo (oferta da Casa Castanheira). Venha, pois, mais música.