Ou de como André Téchiné se tornou um mestre do “cinema de papá”. Um filme como “Imperdoáveis” faz-se de pura técnica, aplicada sem alma (sem alma que se veja) e sem interesse (sem interesse visível: dir-se-ia que Téchiné filma com o mesmo entusiasmo com que preencheria um formulário). “Drama burguês” se é que alguma vez houve um - um escritor, André Dussollier, recolhe-se em Veneza para escrever, mas depois encontra Carole Bouquet e desatam a passar-se imensas coisas que lhe desviam a atenção do romance - “Imperdoáveis” não possui sequer aquele contraponto com que os melhores Téchinés de antanho introduziam um grão de areia na lógica do “drama burguês”: um cuidado microscópico no trabalho dos actores, uma precisão hiper-realista. Téchiné sabia filmar o suor, o medo, a tensão insidiosa por entre uma reunião familiar. Agora parece que macaqueia isso, num registo apressado, cheio de peripécias (para que o espectador não “pouse”?) e, pior, cheio de bengalas (a música, em particular, reduzida à sinalização de estados de alma e de “picos” narrativos). Possivelmente o seu pior filme: ao fim de dez minutos já nos estamos nas tintas para aquela gente e para o que for que lhes aconteça.
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