Irão diz não temer efeitos de "guerra económica"

O regime iraniano diz não estar preocupado com os efeitos das sanções internacionais, incluindo um possível embargo petrolífero, alegando que o país tem meios para resistir à "guerra económica" que lhe está a ser movida por europeus e americanos.

"O Irão está pronto para contrariar este tipo de acções hostis e não está nada preocupado com as sanções", disse o chefe da diplomacia iraniana, ao receber o seu homólogo turco, Ahmet Davutoglu. Ali Akbar Salehi lembrou que o país "sobreviveu à tempestade [de sanções] durante 32 anos", tantos quantos tem a República Islâmica, "e agora também vai sobreviver".

A reacção surgiu 24 horas depois de ser noticiado que os países da União Europeia chegaram a um acordo de princípio para aprovar, no final do mês, um embargo petrolífero ao país. Dias antes, o Presidente norte-americano, Barack Obama, assinou uma lei que permite sancionar empresas que mantenham negócios com o banco central iraniano, o que, a concretizar-se, penalizará as refinarias que comprem crude a Teerão.

O Irão avisara que iria reagir a tais medidas fechando o estreito de Ormuz, por onde passa 35 por cento do tráfego marítimo mundial de crude, e realizou manobras militares na zona. Ontem, porém, optou por um discurso mais prudente: o ministro da Economia, Shamseddine Hosseini, disse que "os agentes económicos serão soldados a enfrentar os inimigos" e um dirigente da companhia petrolífera limitou-se a avisar que "a economia mundial não suporta petróleo caro".

A UE importa apenas 18 por cento do crude iraniano, que tem como principal destino a Ásia. Mas a pressão ocidental está a levar algumas refinarias a procurar alternativas ou a exigir contrapartidas para as suas encomendas, o que deverá reflectir-se na economia iraniana, já em desaceleração.

Os ocidentais alegam que as sanções visam convencer o Irão a retomar as negociações sobre o seu programa nuclear, que suspeitam ter uma componente militar. Salehi reafirmou ontem que o Irão está "pronto" a retomar o diálogo, suspenso há um ano, mas a UE tem reagido com cepticismo, exigindo que Teerão dê sinais de que está pronto para compromissos. A.F.P.

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