Grupo Leya despede funcionários em Portugal e reforça aposta no Brasil
O grupo de Miguel Paes do Amaral está a fazer uma redução do seu plano editorial em Portugal, mas promete criar 80 postos de trabalho na área do digital
O editor da Teorema e a editora da Estrela Polar, assim como os dois gestores de marca - Dom Quixote e ASA -, e três funcionários da editorial Caminho estão entre as perto de 40 pessoas de diversos sectores que o grupo editorial Leya está a despedir desde terça-feira, no Porto e em Lisboa, alegando extinção de postos de trabalho.
No entanto, o grupo assegura que, durante este ano, irá criar 80 novos postos de trabalho em Portugal, na área de produção de conteúdos digitais e de ensino à distância, e vai apostar no Brasil, aumentando o número de funcionários até 700. Maria João Costa, a editora da Livros D" Hoje, será um dos reforços da Leya Brasil cujo director editorial é Pascoal Soto.
No ano passado, a facturação do grupo de Miguel Paes do Amaral, que começou a operar em 2008, primeiro em Portugal, Angola e Moçambique, e depois no Brasil - integra 16 editoras portuguesas, duas africanas e uma chancela brasileira - foi de 90 milhões de euros, segundo a agência Lusa. Mas como o grupo prevê para este ano no mercado nacional uma diminuição nas edições gerais, que incluem a produção editorial e as vendas, está a fazer "uma redução do seu plano editorial, com uma consequente redução de colaboradores nas áreas editorial, de marketing, comercial e de serviço de apoio a clientes", disse uma fonte da administração do grupo à Lusa. Foi para estas declarações da administração que remeteu a direcção de comunicação do grupo quando contactada pelo PÚBLICO.
A editora Teorema, que foi comprada pela Leya quando pertencia a Carlos Veiga Ferreira, que, entretanto, saiu do grupo e fundou a Teodolito, já estava com o seu programa de ficção literária reduzido. Os direitos das obras completas de autores como W. G. Sebald ou Jorge Luis Borges que eram publicados pela Teorema passaram a ser da Quetzal, do grupo Porto Editora, que as vão começar a editar durante este ano.
Ao contrário do que se passa em Portugal, o grupo editorial Leya antevê "um forte crescimento" no Brasil este ano, onde "prevê facturar sensivelmente o mesmo que em Portugal, Angola e Moçambique no seu conjunto", disse ainda à Lusa a mesma fonte da administração.
O crescimento no outro lado do Atlântico não será apenas no volume de negócios previsto, mas também no de investimento. O "forte aumento nas actividades" exigirá um crescimento do quadro de pessoal no Brasil, passando dos actuais 600 trabalhadores (25 dos quais na área das edições gerais) para 700 até ao final de 2012 (o grupo tem em Portugal 520 funcionários). Além de Maria João Costa, os outros colaboradores que passarão a trabalhar no Brasil dividir-se-ão em duas áreas: edições gerais e educação, "com especial enfoque no e-learning, isto é, nas áreas de conteúdos e plataformas digitais e ensino à distância". No mercado brasileiro desde 2009, o grupo Leya viu no ano passado cinco títulos seus entre os 30 mais vendidos no Brasil, nomeadamente Guerra dos Tronos, de George R.R. Martin, o mais procurado na área de ficção, de acordo com o top publicado pela revista Veja.
"A área digital da Leya tem de acompanhar o crescimento internacional", disse a mesma fonte, que adiantou a criação em Portugal de "cerca de 80 novos postos de trabalho na área da produção de conteúdos digitais e na área de ensino à distância", onde o grupo opera com a marca UnyLeYa. Este segmento de negócio, salientou a mesma fonte, inclui "a venda da plataforma de conteúdos digitais da LeYa para diversos países". com Lusa