Oposição russa promete reforçar protestos anti-Putin
No domingo, o activista político e líder do “Movimento de Frente Esquerda” russo, Sergei Udaltsov, foi preso pela 14º vez este ano, condenado a cumprir mais dez dias de prisão de uma pena que lhe fora aplicada em Outubro passado. Confrontada com esta nova sentença,
A nova pena de Udaltsov foi anunciada um dia depois do maior protesto anti-Putin em Moscovo: no sábado, milhares de pessoas juntaram-se para uma marcha pela avenida de Moscovo que homenageia o famoso dissidente soviético Andrei Sakharov, exigindo a modernização do sistema político e a realização de novas legislativas. Os manifestantes (120 mil segundo os organizadores; 30 mil de acordo com a polícia) entoaram palavras de ordem como “uma Rússia sem Putin” e “Não desistiremos, o poder somos nós”.
O advogado de Udaltsov foi informado no domingo à noite que o tribunal exigia o regresso do seu cliente à cadeia, por considerar que este ainda “devia” dez dias de pena por alegadamente ter resistido a uma ordem de detenção em Outubro. A decisão foi anunciada meia hora depois de Udaltsov ter sido libertado do hospital, para onde fora transportado em estado de grande debilidade física durante o cumprimento de uma outra pena de prisão de 15 dias – o activista levou a cabo uma greve da fome como forma de protesto pela sua detenção.
Este ano, o líder da Frente de Esquerda já passou mais de 50 dias na cadeia, cumprindo penas que a oposição classifica como “intimidação política”. O reforço da sentença que lhe foi aplicado ontem diz respeito aos crimes de manifestação ilegal e resistência à autoridade: no dia 24 de Outubro,
O blogger Alexei Navalny, que esteve por detrás do protesto de sábado, criticou severamente as “represálias” e “ilegalidades” do regime, que na sua interpretação se destinam a inflamar os ânimos dos manifestantes. “Isto é muito estranho; eles estão a fazer tudo para provocar distúrbios”, declarou à Reuters.
Para o antigo campeão de xadrez e opositor político Garry Kasparov, a nova sentença de Udaltsov revela a “agonia do regime”. “As autoridades não estavam à espera de ver 100 mil pessoas na rua, por isso estão a tentar reafirmar o seu poder através deste desprezível castigo”, denunciou.