Torne-se perito

Os novos destinos da emigração portuguesa

Dados do Observatório da Emigração assinalam um aumento de entradas de cidadãos nacionais em Angola, Suíça ou no Brasil

O jornal Tribune de Genève fez em Outubro um título elucidativo: "Le grand retour des Portugais"/O grande regresso dos portugueses. Os portugueses estão a entrar na Suíça a um ritmo de mil por mês. Os jornais de Angola e do Brasil podiam fazer um título com ainda mais ênfase.

Nos últimos anos, despontou um novo fluxo migratório de Portugal para o Brasil. Este ano, com o agudizar da crise na Europa, parece ter havido uma explosão. De acordo com a imprensa brasileira, a quantidade de estrangeiros a viver em situação regular no país passou de 961 mil para 1,5 milhões entre Janeiro e Junho; os portugueses subiram de 277 mil para 329 mil.

É oficial. Diversos investigadores já o disseram repetidas vezes: os portugueses estão a emigrar ao ritmo das décadas de 60 e 70 do século passado. O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, já admitiu que o movimento de saídas do território nacional aumentou com a crise económica e financeira. E outros membros do Governo até já recomendaram tal caminho.

Os dados recolhidos pelo Observatório da Emigração revelam o quanto pesa a Suíça - no final do ano passado, 278.737 portugueses residiam naquele país. E o emergir de Angola como destino - a ex-colónia totalizava 91.900 portugueses residentes em 2010, pelas contas da Direcção- Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas.

Para Angola vão, sobretudo, homens com lugar na construção civil ou na exploração petrolífera, explicou Carla Saragoça, cônsul-geral adjunta em Luanda num encontro que houve no início deste mês, na Universidade Lusófona, no Porto. Atendendo ao elevadíssimo custo de vida, só pode recomendar contratos que incluam casa e dois períodos de férias pagas.

Para a Suíça o fluxo é bem mais heterogéneo. O sindicalista Manuel Fazendeiro vê regressar antigos emigrantes portugueses que já tinham voltado para Portugal, depois de anos de trabalho. E jovens com mais formação do que os seus antecessores, mas também ávidos. Uns e outros aceitam trabalhos precários na agricultura, na hotelaria, na restauração.

Há outros velhos destinos em alta. O registo do fluxo de entradas de portugueses mostra-o. Ainda não há dados para 2011, e qualquer contagem se torna frágil num espaço de livre circulação como a União Europeia, mas a Alemanha deu nota de 4238 entradas de portugueses no ano passado e o Luxemburgo de 3844. Na mesma altura, o Reino Unido contou 12.080. A.C.P.

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