Morreu Kim Jong-il, o "Querido Líder" autoritário da Coreia do Norte
Kim Jong-il, que teria 69 anos, governava a Coreia do Norte de forma autoritária há 17 anos através de um regime comunista de inspiração estalinista, baseado no culto da personalidade. Era oficialmente chamado de “Querido Líder” e não admitia qualquer laivo de oposição ao poder absoluto, posição que lhe deu fama internacional como o chefe de estado mais totalitário e irredutível do mundo.
Depois de uma apoplexia em 2008 e de aparições em público cada vez mais raras, começaram os rumores sobre a sua sucessão que - sabe-se agora - vai recair no filho mais novo, Kim Jong-un, cuja idade exacta se desconhece (terá 29 anos). Jong-Un terá sido nomeado general de quatro estrelas e vice-presidente da Comissão Militar central do Partido dos Trabalhadores em 2010. Sabe-se igualmente que o sucessor de Kim Jong-il foi educado na Suíça e que é filho de uma das mulheres favoritas do pai, Ko Yong-hui (já falecida).
A agência noticiosa estatal da Coreia do Norte, a KCNA, apelou ao povo norte-coreano que se mantenha unido em torno do sucessor do “Querido Líder”. “Todos os membros do partido, os militares e o público deverão seguir fielmente a liderança do camarada Kim Jong-un e proteger e fortalecer ainda mais a frente unificada do partido e do Exército”, adiantou a mesma agência.
Em Maio deste ano, Kim Jong-il, cujas imagens de marca eram o uniforme militar e os óculos de sol, deslocou-se no seu comboio blindado à China, aliado estratégico do regime, e em Agosto escolheu o extremo oriente russo para aquela que terá sido a sua última viagem ao estrangeiro.
O Governo de Pyongyang anunciou que as cerimónias fúnebres acontecerão no dia 28 de Dezembro e Kim Jong-un estará à frente da organização das exéquias, segundo informaram os meios de comunicação norte-coreanos citados pelas agências internacionais.
À semelhança do que se prepara para acontecer agora, também Kim Jong-il herdou do pai (Kim Il-sung) a liderança da Coreia do Norte. Pouco depois de ter subido ao poder, uma grave fome - causada por reformas económicas ineficientes e más condições de armazenamento - terá provocado dois milhões de mortos.
O regime da Coreia do Norte há muitas décadas que é criticado pelos abusos aos direitos humanos e pelo isolacionismo internacional resultante da vontade de Pyongyang em se dotar de armas atómicas.Foi sob a liderança de Kim Jong-il que a Coreia do Norte levou a cabo os seus primeiros testes nucleares, em 2006. As negociações multilaterais com o objectivo de desarmar o país estão num impasse há vários meses.