A nova voz de Cabo Verde será uma filha da diáspora

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Daniel Rocha Depois de Cesária, muitas cantoras despontam como "a voz de Cabo Verde"

As candidatas à sucessão de Cesária Évora como "a voz de Cabo Verde" são cabo-verdianas nascidas em outras partes do mundo, na maior parte dos casos em Lisboa. Mayra Andrade, a mais bem colocada, nasceu em Cuba e vive em Paris.

Se Cesária Évora, falecida no sábado, era, é, "a voz de Cabo Verde" e o maior emblema internacional do país, o desaparecimento físico da diva dos pés descalços deixa vago, de certa forma, o lugar que a filha do Mindelo até aqui ocupava no panorama musical internacional. As candidatas à sucessão são várias e mais ou menos conhecidas, tendo em comum o facto de, ao contrário de Cesária, não terem nascido em Cabo Verde e serem, antes, filhas da diáspora crioula.

A principal candidata a desempenhar doravante o lugar de voz de Cabo Verde é, apesar da sua grande juventude, Mayra Andrade. Nasceu em  Cuba e é possuidora da biografia mais peculiar de todas. Passou os primeiros anos na capital de Cabo Verde, mas desde cedo começou a percorrer várias capitais do mundo seguindo o padrasto, que era diplomata. Aos seis anos, instalou-se no Senegal, depois em Angola e na Alemanha, vivendo actualmente em Paris. É, Cesária à parte, a artista cabo-verdiana mais conhecida internacionalmente, lugar que conquistou logo com o primeiro disco, "Navega", premiado em vários países europeus.

Logo atrás, na preferência do público, estará Lura. Com uma carreira de vários anos, consistente, nasceu em Lisboa, em 1975, e editou o disco de estreia, "Nha Vida", em 1996. "Na-ri-na", tema de Orlando Pantera incluído no álbum "Di Korpu Ku Alma", de 2005, valeu-lhe o primeiro grande sucesso, posição que consolidou com o excelente "M´bem di fora", de 2006. "Eclipse", o seu último trabalho, não teve, porém, a mesma repercussão.

Outro nome incontornável, apesar da carreira internacional ainda incipiente, é o de Nancy Vieira. Nascida na Guiné-Bissau em 1975, vive em Lisboa desde os 14 anos e atingiu com o álbum "Lus", de 2007, um dos momentos mais refinados da música cabo-verdiana mais recente. Antes disso, tinha trabalhado com alguns dos nomes grandes da música portuguesa, como Rui Veloso e Luís Represas, tendo publicado mais dois álbuns a solo e conquistado alguma notoriedade com o tema "Peca sem dor".

Entre as mais conhecidas "cabo-verdianas" conta-se ainda Sara Tavares, a antiga vencedora do concurso televisivo Chuva de Estrelas, a qual, após um início de carreira titubeante, enveredou, nos últimos trabalhos, por uma ligação às suas raízes cabo-verdianas, cantando frequentemente em crioulo. Nasceu também em Lisboa, em 1978, e, embora não siga uma linha muito próxima daquelas que são as principais tradições musicais de Cabo Verde, tem vindo a cimentar uma carreira internacional da área da world music.

Também nascida em Lisboa, em 1981, Carmen Souza é outra das "cabo-verdianas" que tem vindo a cimentar uma carreira internacional importante. Funde a tradição musical das ilhas com sonoridades do jazz , tem já publicados três discos a solo e esteve pré-nomeada para os Grammies em 2010, na categoria de melhor álbum de da world music contemporânea.

Entre as menos conhecidas em Portugal está Maria de Barros, uma cabo-verdiana nascida no Senegal e que vive no EUA. A sua música combina a inspiração da morna com outras sonoridades latinas, nomeadamente a Salsa.

Outros nomes ainda em ascensão são os de Danae (nascida há 26 anos em Cuba, como Mayra Andrade) e Isa Pereira, a qual, embora viva em Cabo Verde desde os primeiros meses de idade, nasceu também em Lisboa. O seu primeiro trabalho discográfico, "Kriola Enkantu", foi considerado um dos melhores de 2011 em Cabo Verde.

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