Família real espanhola demarca-se de Iñaki Urdangarin

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Os duques de Palma de Maiorca

Marido da infanta Cristina, envolvido num escândalo de corrupção, afastado de todos os actos oficiais da coroa de Espanha

Iñaki Urdangarin, genro do rei de Espanha, foi afastado de todos os actos oficiais por estar a ser investigado num caso de corrupção. O caso está a embaraçar a família real, que anunciou que irá tornar públicas as suas contas anuais até ao final do ano.

O marido da infanta Cristina, a filha mais nova do rei Juan Carlos e da rainha Sofia de Espanha, está a ser investigado por apropriação de dinheiros públicos quando era presidente do Instituto Nóos, entre 2004 e 2006. Um porta-voz da família real, Rafael Spottorno, considerou ontem que o comportamento de Urdangarin "não parece ter sido exemplar".

A investigação foi iniciada há várias semanas e centra-se nas actividades do Instituto Nóos, uma organização sem fins lucrativos que foi dirigida por Urdangarin e depois pelo seu sócio, Diego Torres. Esse instituto terá recebido fundos públicos, nomeadamente das autoridades locais das ilhas Baleares, para a organização de congressos de turismo e desporto em 2005 e 2006. Ao todo, o instituto terá recebido 2,3 milhões de euros para a organização do Fórum Ilhas Baleares, e Urdangarin, duque de Palma de Maiorca, terá cobrado 300 mil euros por um evento fictício, adiantou o El País.

Urdangarin emitiu no fim-de-semana um comunicado em que diz "lamentar" os danos que este caso está a causar à coroa espanhola e o seu advogado, Mário Pascoal Vives, garantiu que o duque de Palma de Maiorca está "indignado" e "convicto quanto à sua inocência".

Urdangarin, de 43 anos, antigo jogador profissional de andebol, vive actualmente em Washington, nos Estados Unidos, deixou a presidência do Instituto Nóos em 2006 e fica agora impedido de participar em actos oficiais da família real espanhola "por tempo indeterminado". Por definir está ainda a presença da infanta Cristina nos acontecimentos oficiais. "Isso ainda vamos ver. Ela tem outra dimensão nesta matéria", disse ao El País Rafael Spottorno.

Não é comum o porta-voz da Casa Real espanhola prestar declarações públicas, mas a gravidade das notícias sobre a investigação que envolve Urdangarin levou-o a falar sobre o assunto. Spottorno apelou aos juízes e procuradores para que a investigação seja feita com a máxima brevidade de modo a evitar o desgaste da imagem do duque e da família real e sublinhou que "deve ser tida em conta a presunção de inocência".

O juiz que está encarregado do processo sobre as ilegalidades contabilísticas do Instituto Nóos, José Castro, do Julgado de Instrução número 3 de Palma de Maiorca, considerou que Urdangarin e o seu sócio Diego Torres foram responsáveis por todas as decisões tomadas pela organização, nomeadamente na área financeira. Tinham a última palavra "tanto em relação aos projectos a desenvolver como nas questões financeiras e contabilísticas", adiantou. Segundo o El Mundo, Urdangarin e Torres recorreram a um esquema de facturas falsas para fugir ao fisco e gerar gastos fictícios, desviando para sociedades privadas fundos públicos atribuídos ao instituto sem fins lucrativos.

O juiz pediu informações sobre acordos estabelecidos em 2005 e 2006 para promover um encontro internacional sobre desporto e turismo em Palma de Maiorca. Nessa altura, o Instituto Nóos terá sido financiado com 1,2 milhões de euros de fundos públicos, e parte desse dinheiro foi canalizado para empresas que são propriedade de Urdangarin e Torres, adiantou o El País.

Este caso está a afectar a imagem da monarquia junto dos espanhóis, por isso foi decidido divulgar as contas relativas aos 8,4 milhões de euros que recebe anualmente para despesas pessoais, incluindo viagens e segurança. No entanto, esta medida "de transparência" não irá abranger gastos pessoais, como o montante despendido em vestidos ou férias.

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