Reino Unido é o principal destino de emigração de jovens farmacêuticos

O mercado (ainda) não está saturado. Os salários mais elevados e o maior reconhecimento da profissão são os principais factores que os levam a sair de Portugal

O presidente da APJF fala em “problemas graves de empregabilidade” Nelson Garrido/Arquivo
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O presidente da APJF fala em “problemas graves de empregabilidade” Nelson Garrido/Arquivo
Tudo isto foge muito à racionalidade, diz Duarte Santos, da Associação de Jovens Farmacêuticos Nelson Garrido/Arquivo
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Tudo isto foge muito à racionalidade, diz Duarte Santos, da Associação de Jovens Farmacêuticos Nelson Garrido/Arquivo

Os números são reais e elucidativos. A grande fatia dos farmacêuticos em Portugal concentra-se na faixa etária mais jovem. Têm até 35 anos e são 5311 profissionais qualificados em Farmácia. Mas nem todos se encontram em Portugal: o Reino Unido é o destino de eleição, onde se encontram ofertas mais competitivas.

Duarte Santos, presidente da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) refere o Reino Unido como o principal país a recrutar em Portugal: "Não é por acaso que países na vanguarda da ciência nos procuram". Portugal está a assistir a uma "perda de talentos" e João do Ó, mestre em Ciências Farmacêuticas, é um exemplo disso.

Emigrar, às vezes, "é o único reduto"

O presidente da APJF fala em “problemas graves de empregabilidade” e numa “redução muito significativa de pessoas” por parte das empresas. Os jovens emigram, acrescenta, porque existe uma maior valorização da profissão e as perspectivas de carreira são mais abrangentes. Noutros casos, “é o último reduto”, depois de meses de espera.

Assegura ainda que “os últimos mestres têm tido uma enorme dificuldade de inserção”, afirmação que vai ao encontro do que disse ao P3 Marta, a farmacêutica que emigrou para o Rio de Janeiro por não encontrar um emprego à "sua altura."

O problema? Duarte Santos enuncia o Estado e as gravosas medidas de austeridade: “O Estado gasta dinheiro na formação e depois não tira partido disso. Tudo isto foge muito à racionalidade. Devíamos contar com mais respeito por parte de quem legisla.”

Outros revelam-se menos pessimistas. Não que o tempo médio de espera para conseguir emprego seja elevado: “É muito díspar, mas talvez quatro, cinco meses… mas há outros colegas que conseguem logo”, diz Catarina Pires, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).

Catarina considera que a capacidade de absorção destes jovens no mercado de trabalho não é a mesma: “Há seis anos quase não se falava de emigração e há 10 anos nem se falava em desemprego.” E acrescenta: “Os ordenados já não são o que eram e para não se ficar no desemprego muitas vezes aceitam-se trabalhos a recibos verdes, horas extras, noites e feriados.”

Já João Castilho, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), acredita que os valores da taxa de emprego ainda rondem os 100% e que os recém-mestres em ciências farmacêuticas esperem entre zero a três meses para encontrar emprego, mesmo que não seja um na vertente pretendida. Quem emigra, prossegue João, são sobretudo aqueles que querem ir para o sector da indústria farmacêutica.

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