Igreja baptista do Kentucky baniu casal interracial

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Stella está a fazer um mestrado e Chinuki, natural do Zimbabwe, trabalha numa escola Foto: DR

A proposta partiu de um antigo responsável por aquela igreja, o pastor Melvin Thompson que, segundo uma pequena estação local de televisão, a WYMT (membro da rede da CBS), já tinha proibido um casal, Stella Harville e Ticha Chikuni, de participarem no coro. A razão, diz a mesma estação, é que o noivo de Stella nasceu no Zimbabwe e ela é branca.

Conta o Guardian que Thompson abandonou a direcção da igreja em Agosto, mas não quis deixar o assunto em mãos alheias, forçando a votação de uma moção que propunha que casais interraciais não devem ser aceites como mebros nem devem participar nos serviços ou outras funções da igreja – com excepção de funerais”. O resultado foi nove votos a favor e seis contra.

Chinuki vive há 11 anos nos Estados Unidos e chegou a Pike County pela mão da noiva, uma pianista experiente que está a tirar um mestrado no Iowa e que, segundo o mesmo diário britânico, ficou em choque, com esta decisão. “Eles são a minha família. Faz parte da nossa cultura, especialmente nalgumas zonas, que o casamento entre pessoas de raças diferentes é errado. Algumas pessoas tentaram invocar a Bíblia como argumento mas qualquer pessoa que leia a bíblia sabe que não há nenhuma escritura a defender isto”, disse Stella, citada pelo Guardian. Outros líderes religiosos locais já condenaram a primeira posição. “Não é de modo algum o espírito da nossa comunidade”, declarou Randy Johnson, da associação de ministros de Pike County, ao jornal Lexington Herald-Leader,

O portal Yahoo News deu atenção nacional ao caso há dois dias. E segundo esse portal, todos os domingos há cerca de 40 pessoas que frequentam aquela ingreja. A maioria, porém, não quis pronunciar-se quando o pastor Thompson pôs o assunto em votação. Agora, a família de Stella requereu formalmente que a congregação reconsidere a primeira decisão. O próprio pastor terá, segundo o Yahoo News, demonstrado vontade de dar um destino final ao caso, mas a acreditar no que diz o Guardian, o pastor está convencido da sua razão. “Não acredito em casamentos interraciais”, terá declarado a uma rádio local, segundo o mesmo jornal britânico.

O diário espanhol El País também deu conta do episódio, lembrando que passaram apenas 44 anos desde que o Supremo dos EUA legalizou o casamento entre pessoas de diferentes raças. Porém, naquela zona do Kentucky, onde diz o jornal que é raro encontrar afro-americanos, estes resquícios de segregação racial podem emergir a qualquer momento – o Gawker, um grupo online de media norte-americano com sede em Nova Iorque, afirma mesmo que 98 por cento da população de Pike County é branca.

O Guardian diz, por fim, que há sondagens que indicam que o casamento entre negros e brancos é aceite por 97 por cento dos jovens americanos, mas aponta a existência de “bolsas de resistência” em locais como Alabama, onde 41 por cento dos eleitores votaram contra a revogação de uma lei que proíbe casamentos interraciais, como estipula a constituição daquele estado, desde 2000.

A lei federal norte-americana considera ilegal a discriminação racial, mas estas normas não se aplicam aos grupos religiosos. Neste domingo espera-se que o assunto volte a ser discutido em Pike County, por iniciativa da família da noiva.