Grécia desafia hoje Governo de salvação nacional com greve geral
A 15ª greve geral na Grécia dos últimos dois anos vai voltar a paralisar todos os transportes públicos, incluindo as ligações ferroviárias e marítimas, anunciaram os respectivos sindicatos. Admite-se ainda que o protesto afecte centenas de voos domésticos e internacionais.
A primeira mobilização nacional dos principais sindicatos contra o novo governo de “unidade e salvação” de Lucas Papademos – que integra o Movimento Socialista Pan-Helénico (PASOK), a Nova Democracia (ND, direita) e os nacionalistas radicais do LAOS –, também coincide com novas reduções salariais na função pública, que podem ser determinantes para os níveis de adesão.
“As pessoas que trabalham em diversos organismos do sector público vão confrontar-se pela primeira vez com cortes salariais. Para muitos é a primeira vez que tal acontece, e as reduções nos salários vão dos 20 por cento aos 50 por cento”, disse um comentador político em Atenas. “Para mais, 20 mil pessoas vão ser despedidas da função pública a partir de hoje e no início de 2012 estão previstos mais despedimentos. Espera-se um grande protesto, esta é a hora da verdade, sobretudo quando as pessoas vão começar a receber salários mais baixos”, acrescentou.
A greve geral coincide ainda com o início da discussão do Orçamento do Estado para 2012, quando os líderes dos partidos que integram o executivo já se comprometeram por escrito perante a União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) a cumprir as medidas acordadas para que a Grécia continue a receber assistência financeira internacional.
Os sindicatos admitem, no entanto, uma participação menos importante nas manifestações previstas para Atenas e Salónica (norte), em comparação com a greve geral de 48 horas em 19 e 20 de Outubro. Mais de 500 mil pessoas desfilaram nas ruas de Atenas em 20 de Outubro, num protesto que mobilizou cerca de 1,5 milhões de pessoas por todo o país.
O novo executivo de coligação, que sucedeu ao governo do PASOK de George Papandreou, parece ainda usufruir de um curto “estado de graça”, mesmo que os dirigentes sindicais continuem a alertar para o “prosseguimento da política de rigor”.