London School of Economics foi "negligente" ao aceitar dinheiro do regime de Khadafi
A doação foi feita através de uma fundação criada pelo próprio Saif al-Islam.
Conduzido por Lord Woolf, o antigo responsável pela Justiça no Reino Unido, o inquérito (pedido a uma comissão externa à faculdade no início do ano) diz também que esta escola, considerada uma das melhores do mundo, agiu mal durante todo o “caso Saif”, que além dos donativos diz ainda respeito ao doutoramento do filho de Khadafi, que terá sido conseguido a troco de doações e com uma tese feita por terceiros. A tese está também a ser investigada.
A universidade terá sido mal informada e aconselhada antes de decidir aceitar os donativos e a responsabilidade pelos erros é atribuída a Howard Davies, o antigo director recentemente substituído. Este demitiu-se em Março admitindo "erros de avaliação" na aceitação do dinheiro e na relação que a universidade criou com o regime líbio através do filho de Khadafi.
O documento diz precisamente que, antes de o dinheiro ter sido aceite, deveria ter havido uma "averiguação correcta" da sua origem. Um professor, o conselheiro académico de Saif al-Islam, David Held, professor de ciência política, é mencionado no relatório.
De acordo com um artigo do jornal Wall Street Journal datado de 2009, foi Held quem levou Said para a London School of Economics por considerá-lo "alguém que tinha como inspiração os valores da democracia, da sociedade civil e do liberalismo". Ainda nesse ano, surgiram as primeiras denúncias sobre a tese de Saif al-Islam, que teria contratado uma empresa de Boston (EUA), que tinha como funcionários pelo menos dois antigos espiões britânicos, para lhe fazer o levantamento necessário à redacção da tese de doutoramento.
David Held fez uma declaração em que assumiu ter encorajado junto do filho de Khadafi, em conversas e discussões, uma agenda de reformas políticas, sociais e económicas para a Líbia. "Consequentemente - dizia o depoimento - apoiei o North Africa Programme, fundado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento", a organização de caridade de Khadafi. Em Outubro o professor demitiu-se da LSE.
O inquérito surge num momento em que a polémica sobre as relações entre as instituições britânicas e o antigo regime líbio se reabre, com a notícia de que uma empresa dirigida por Adam Ingram, antigo responsável pela Defesa no Governo trabalhista, fez um donativo de cem mil libras a uma instituição de caridade da família Khadafi ao mesmo tempo que a sua companhia ganhava um importante contrato na Líbia.
Saif al-Islam, de 39 anos, continua em cativeiro na Líbia, na cidade de Zeitan. Deverá ser julgado por crimes cometidos durante a guerra civil que levou à deposição do regime do pai — onde não detinha um cargo oficial mas era o representante do regime nas relações internacionais e era considerado o sucessor de Muammar.
As últimas informações dão conta de ter uma mão gangrenada e de precisar de amputar o polegar direito. A cirurgia, conta a Reuters, ainda não teve lugar por receio de fuga, ou atentado, durante a sua estadia no hospital.
“O ferimento exige amputação”, disse o médico ucraniano que o assistiu, Andrei Murakhovsky. “O tecido da ferida está gangrenado e necrosado. O indicador também foi rasgado na zona da falange média e os seus ossos estão esmigalhados, mas não deve ser preciso amputá-lo.”