Governo diz que adesão à greve é de apenas 3,6%, sindicatos contestam

O Governo acaba de disponibilizar as primeiras estatísticas sobre a greve geral, que apontam para uma adesão relativamente baixa dos funcionários públicos da Administração Central, que reúne os vários ministérios e os serviços e fundos autónomos (como, por exemplo, institutos, universidades, hospitais, entre outros).

Contudo, segundo os sindicatos, a adesão dos funcionários públicos será bem superior. De acordo com as estimativas de Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), o balanço total ainda não está fechado, mas espera-se um número elevado de adesão, na ordem dos 80%, para toda a Administração Pública. Aqui, além dos serviços da Administração Central, estão também incluídas as autarquias, as regiões autónomas e as empresas do sector empresarial do Estado.

No mapa de adesão à greve, disponibilizado no site da Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público, o ponto de situação da greve às 11h30 era de 12800 trabalhadores da Administração Central em greve, o que corresponde a 3,6% do total de 355.305.

De acordo com o Governo, há 112 serviços desconcentrados ou periféricos da Administração Central que estão encerrados devido à greve, o que equivale a 12,96% do total.

Na última greve, que tinha sido exclusiva da função pública, no dia 19 de Maio deste ano, a adesão dos trabalhadores da Administração Central tinha sido de apenas 0,13%, de acordo com os dados do Governo. No entanto, na greve geral do ano passado, que se realizou também no dia 24 de Novembro, o Executivo estimou a adesão dos funcionários públicos em 28,61%.

O ministério das Finanças é aquele que regista maior taxa de adesão à greve – 26,55% - seguindo-se o ministério da Saúde (22,68%) e o ministério da Solidariedade e Segurança Social (8,96%). O ministério da Educação e da Ciência é o quarto com maior número de funcionários em greve (1370), mas a percentagem de grevistas face ao total de trabalhadores é muito pequena (0,57%).

Os ministérios menos afectados são o dos Negócios Estrangeiros (apenas dois registos de greve) e os tribunais, serviços do ministério público e outros serviços da Administração Central, onde há 79 grevistas.

Sindicatos de professores contestam


Começou a guerra dos números. A Federação Nacional da Educação (FNE), afecta à UGT, afirma que a contabilidade da greve apresentada, ao final da manhã, pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) “não tem consistência”. Segundo a DGAEP, estão em greve 1370 trabalhadores no sector da educação.


“A FNE está em condições de afirmar que os números são bem diferentes dos apresentados pelo Governo”, afirma a federação numa nota à imprensa, que é acompanhada por uma listagem das cerca de 170 escolas e agrupamentos que, segundo a FNE, estiveram sem aulas hoje.

À semelhança da Federação Nacional de Professores, afecta à CGTP, a FNE destaca também “o forte impacto desta greve ao nível do ensino superior”.

Por seu lado, a UGT, citada pela Lusa, discordou também dos números do Governo, dizendo que são "completamente irreais".

"Com efeito, os mapas publicados no site da Direcção-geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), apontando para uma média de adesão de 3,6 por cento são completamente irreais, descredibilizando completamente o Governo, que assim se empurra a si próprio para o campo do ridículo, da incompetência e da irresponsabilidade", justifica num comunicado.

A UGT dá como exemplo o caso das universidades, que "é elucidativo", uma vez que estão globalmente categorizados como tendo uma taxa de adesão nula, facto que "facilmente foi desmentido" ao se observar que nos Serviços Sociais da Universidade de Coimbra, nas 16 cantinas, 10 estiveram encerradas, representando uma adesão de cerca de 50 por cento do total dos trabalhadores daqueles serviços.

Notícia actualizada às 16h59
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