Muito bom e bem mais barato do que o Pêra-Manca

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Em companhias com topos de gama lendários, como é o caso da Adega da Cartuxa, da Fundação Eugénio de Almeida, com o seu Pêra-Manca, temos tendência a desvalorizar as chamadas segundas marcas. Mas muitas vezes é um erro. Há inúmeros exemplos de segundos vinhos que são melhores do que os primeiros, sobretudo se levarmos em linha de conta a relação/qualidade preço, cada vez mais importante na hora de escolher, e até de avaliar, um vinho. E mesmo que não sejam melhores chegam a ser tão bons e tão mais baratos que é um desperdício e um erro esquecê-los.

O tinto Pêra-Manca é um dos grandes vinhos portugueses, rivalizando em notoriedade com o duriense Barca Velha. O último, da colheita de 2007, custa 129 euros na Garrafeira Nacional, em Lisboa. Se descermos na escala dos tintos da Fundação, temos o Scala Coelli, que anda acima dos 50 euros, o Cartuxa Reserva, que custa quase 20 euros menos, e o Cartuxa Colheita, próximos dos 15 euros. Estamos, portanto, a falar de vinhos caros ou muito caros (há ainda o Foral de Évora e o EA, mas esses são vinhos de grande volume e muito mais acessíveis).

Colocando em comparação o Pêra-Manca (feito de Aragonês e Trincadeira e que tem principais clientes brasileiros e angolanos endinheirados), o Scala Coelli (topo de gama produzido com variedades exteriores à região, como a Touriga Nacional) e o Cartuxa Reserva (Alicante Bouschet e Aragonês), fazemos melhor compra se optarmos por este último.

Tome-se como exemplo o Cartuxa Reserva 2008. Tem um PVP de 31,50 euros, não é barato, mas, em relação ao Pêra-Manca e ao Scala Coelli, custa muito menos e é igualmente muito bom.

É um vinho com um aroma encantador, cheio de notas químicas, muito vivo e apimentado. Dá para ver que foi feito um belo trabalho de integração da madeira com o álcool e a fruta. Na boca, mostra grande volume, sabor complexo e textura elegante e aveludada. Os 18 meses que o vinho passou em garrafa ajudaram a amaciar os taninos e o impacto dos 15 meses de estágio em barricas novas de carvalho. Tem 14,5% de álcool, mas tem também uma boa acidez, que proporciona uma sensação de grande frescura e intensidade sensorial.

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