Mulher jovem e licenciada na área de Gestão é a mais forte candidata ao desemprego

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Em Junho de 2011 havia 44.323 desempregados com habilitação superior inscritos em centros de emprego Nelson Garrido

Se é mulher, licenciada na área das ciências empresariais (curso de Gestão, por exemplo), reside na região Norte e tem entre os 25 e 34 anos, há más notícias para si. Segundo os dados revelados esta semana pelo GPEARI (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Educação e Ciência) sobre os diplomados do superior inscritos nos centros de emprego no primeiro semestre deste ano, este é o perfil que reúne as condições de uma forte candidata ao desemprego.

Em Junho de 2011 havia (segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IEFP) 44.323 desempregados com habilitação superior inscritos em centros de emprego e que representavam cerca de 8,5% do total (518.705). No ano passado, em período homólogo, o cenário era muito idêntico (os 44.323 diplomados representavam 8,1% do total de 541.840 inscritos). Porém, há diferenças. Entre Junho de 2010 e 2011, o número de inscritos com formação superior parece ter estagnado (a diferença é de apenas 184 pessoas); já o número total de inscritos caiu 6%.

Mas há um dado importante a sublinhar neste fenómeno. É que segundo os dados divulgados ontem pelo INE (ver pág. 4), o número total de diplomados no desemprego ultrapassou as 94 mil pessoas no terceiro trimestre de 2011, o que significa que menos de metade (47%) dos diplomados desempregados optou por se inscrever num centro de emprego. Mais ainda: os dados do INE, quer se esteja a falar de diplomados ou não, mostram que o desemprego aumentou e os dados divulgados pelo GPEARI apontam para uma diminuição do número de inscritos nos centros de emprego. Algo que poderá vir ser alvo de reflexão pelos especialistas, acredita Joana Mendonça, directora-geral do GPEARI.

Questão de sazonalidade

Os dados agora revelados têm como fonte a Informação Mensal do Mercado de Emprego e o Sistema de Gestão e Informação da Área do Emprego (SIGAE) do IEFP. E mostram alguns traços característicos da população desempregada (e inscrita em centros de emprego) com habilitação superior. Antes de mais, Joana Mendonça sublinha que é preciso ter em conta que estes números são alvo de uma "questão de sazonalidade". "Normalmente, estas pessoas graduam-se em Junho ou Julho e, por isso, começam a inscrever-se nessa altura ou depois", explica. A directora-geral conclui ainda que a análise do primeiro semestre deste ano não revelou qualquer surpresa, mantendo-se as tendências verificadas em períodos anteriores. Por fim, frisa ainda que uma das conclusões positivas a retirar dos números dos desempregados com formação superior é o facto de serem menos atingidos por desemprego de longa duração quando comparados com os números totais, o que confirma uma tendência internacional.

Norte mais afectado

Há outras coisas que distinguem os inscritos nos centros de emprego com diploma dos outros. Uma das diferenças surge no grupo etário: a faixa entre os 35 e os 54 anos é a que tem mais expressão (47,7%) para o total dos desempregados, mas quando olhamos apenas para os casos com habilitação superior encontramos uma população predominantemente jovem, entre os 25 e os 34 anos (47,8%).

A nível geral, a maior parte dos inscritos são mulheres (53,6%). Porém, essa diferença de género é mais evidente nos desempregados com habilitação superior (66,4% são do sexo feminino). No que se refere ao tempo de inscrição, a parcela mais alta está situada em menos de três meses nos desempregados com e sem habilitação superior.

E quais são as áreas de estudo dos desempregados com habilitação superior mais presentes nos centros de emprego? Mantém-se a tendência verificada em 2010, com os números do GPEARI referentes a este ano a colocar as "ciências empresariais" no primeiro lugar da tabela (8039, que representam 18,8% do total), seguido das "ciências sociais e do comportamento" (12%) e da área da "formação de professores/formadores e ciências da educação" (9,1%).

Entre outras "marcas" nestes desempregados com habilitação superior, nota-se ainda que os que estão na região Norte são mais afectados (39,4%) e que o grau de licenciado é o mais presente (86,1%) nas listas dos diplomados nos centros de emprego.

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