Ponte quinhentista ruiu em Águeda

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A ponte foi vistoriada em 2010, tendo sido apontada a existência de riscos em dias de caudal mais forte Foto: Paulo Pimenta

Uma ponte da antiga Estrada Nacional n.º 1 ruiu, anteontem à noite, em Lamas do Vouga, no concelho de Águeda. Um homem de 30 anos que ia a circular na travessia foi surpreendido pelo desabamento do tabuleiro, caindo ao rio. O indivíduo acabou por ser resgatado pelos bombeiros, mas sofreu ferimentos graves. A ponte quinhentista tinha sido encerrada ao trânsito em Maio passado devido ao abatimento de um pilar. A Câmara de Águeda adiou a sua reabilitação por falta de verbas.

O acidente ocorreu por volta das 21 horas. Os moradores em casa próximas da ponte ouviram um "estrondo" e, em seguida, os gritos de auxílio da vítima, residente em Serém. Confirmavam-se, assim, os piores receios: a velha ponte medieval tinha ruído.

Ainda que estivesse encerrada ao trânsito há seis meses - a Câmara de Águeda colocou estruturas de cimento em cada um dos extremos para impedir a circulação de automóveis ligeiros e pesados -, a passagem continuava a ser utilizada por peões e motorizadas. E sob o tabuleiro seguia uma conduta de abastecimento de água, que se rompeu.

A população local fez questão de demonstrar a sua indignação logo na noite do acidente, quando o presidente da Câmara de Águeda, Gil Nadais, se deslocou ao local. Vários moradores não pouparam críticas à câmara devido à insegurança no atravessamento, agora totalmente cortado. Críticas que foram também propaladas pelo presidente da Junta de Freguesia de Lamas do Vouga, Alcides Jesus.

Em declarações à Lusa, o autarca lamentou ontem que a câmara "não tenha feito nada" para evitar este acidente, apesar dos seus apelos, os últimos dos quais feitos "em Setembro, numa reunião da assembleia municipal". "A câmara deveria ter recuperado a ponte há cerca de três anos, quando sentimos que havia deficiências e que os pilares estavam danificados", frisou o autarca.

Sem risco de ruína

Tanto o presidente da Câmara de Águeda, Gil Nadais, como o vice-presidente, Jorge Almeida, estiveram incontactáveis ao longo de toda a tarde de ontem. Contudo, já em Maio, aquando da decisão de encerrar a travessia, os responsáveis da autarquia haviam avançado que a recuperação da estrutura teria de aguardar por causa da falta de verbas. "Neste momento, a câmara não tem enquadramento financeiro para estes gastos e temos de procurá-los", explicava o vice-presidente da câmara, aquando do encerramento da ponte, ao mesmo tempo que explicava que a obra envolveria meios financeiros "muito dispendiosos".

Os sinais de degradação na ponte, que transitou para a jurisdição municipal em 1996, já eram notórios há algum tempo. Em 2010, por iniciativa da câmara, já tinha sido feita uma vistoria à estrutura, que concluiu que "não havia risco de ruína". Ainda assim, a empresa que efectuou a inspecção deixou a recomendação à autarquia para que houvesse algum cuidado em alturas de caudais mais fortes. E também deixava a sugestão para que se fizesse o encerramento preventivo ao trânsito pesado. Há seis meses, a autarquia optou, então, por cortar totalmente a via à circulação automóvel.

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